· Prólogo ·

3.3K 212 48
                                    

Aos onze anos, Emily descobriu que era uma bruxa. 

Um tipo diferente daquele retratado nos desenhos e descrito nas histórias infantis.

O mundo que conhecia transformou-se completamente. Como ela poderia ter poderes se seus pais eram pessoas comuns?

E como se a notícia sobre suas habilidades mágicas já não fosse o suficiente, aquela estranha senhora na sala de estar agora comunicava à seus pais sobre a importância de frequentar uma escola específica para bruxos e bruxas como ela.

Apesar de nunca ter estado tão longe de casa, ambos pareciam concordar plenamente com a ideia de permitir que ela fosse levada para algum lugar distante. Tudo isso graças a uma desconhecida carismática disposta a convencê-los.

E lá estava, de cara emburrada para aqueles que insistiam que correr contra uma parede sólida era algo perfeitamente seguro. Ainda que tenha visto coisas demais nos últimos dias (varinhas mágicas, vassouras, caldeirões e até mesmo criaturas incomuns), se jogar contra tijolos em busca de uma plataforma invisível era pedir demais.

– Vamos querida, você ouviu. É só atravessar. – disse sua mãe, uma mulher jovem e alta, de cabelos castanhos, com uma voz suave a fim de tentar tranquilizá-la.

– Não precisa ter medo. Não deve doer... – o homem ao seu lado disse com entusiasmo, recebendo um olhar de reprovação da esposa ao mencionar a última parte. – Quero dizer... Vai ser divertido. Só precisa ter um pouquinho mais de coragem.

Emily cruzou os braços enfurecida. Então quer dizer que seu pai, aparentemente desprovido do bom senso que uma situação como aquela exigia, achava que seu comportamento era o de alguém com medo?

Pois ela não poderia discordar mais.

Antes que pudesse respondê-lo, um pequeno grupo de pessoas passou por eles. Todos tinham cabelos ruivos e carregavam malas grandes como a dela, agindo como quem tenta não levantar suspeitas. Um a um, iam de encontro à parede, desaparecendo logo em seguida.

"Para onde essas pessoas estão indo?" Foi o que pensou.

A garota trocou um olhar com os pais e encarou os tijolos. Não podia acreditar que realmente estavam certos. Nada antes lhe pareceu real até estar ali, vendo aquelas pessoas sumirem bem diante de seus olhos. Nem mesmo quando visitou aquelas lojas cheias do que pareciam ser truques de mágica bem elaborados, ou quando, por pura curiosidade, folheou os livros e achou engraçado como as pessoas eram criativas ao inventar nomes de feitiços e ingredientes para poções. Nada havia lhe convencido... Até então.

Emily posicionou o carrinho com todos os seus pertences, fechou os olhos e correu com os dedos cruzados, torcendo para que o impacto no concreto não fosse tão chocante quanto parecia. Talvez pudesse aguentar um ou dois ossos quebrados, desde que não fosse muito doloroso (ela não conhecia a sensação, nunca tinha quebrado ossos antes).

Quando abriu os olhos, não estava na plataforma. Na verdade, havia despertado com o familiar barulho do trem parando em seu destino. Estava novamente na cabine com os amigos que, por sua vez, dividiam as figurinhas de bruxos famosos jogadas nos assentos vazios.

Não importa quanto tempo tenha se passado, sempre se lembraria da sensação de estar a caminho de Hogwarts pela primeira vez.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora