· 88 · Para Sempre... (É muito tempo)

419 37 71
                                    


Porque eu nunca poderia segurar uma coisa perfeita e não destruí-la

O que eu estou pensando? O que isto significa?

Como alguém poderia me amar?

Fale com o seu homem, diga a ele que há más notícias chegando.”

Forever... (Is a long time), Halsey.


Assim que bateu as solas do coturno contra o chão, ela teve um pressentimento. Não conseguia definir se a sensação lhe causava mais desconforto ou temor. De relance, observou Verity descer do dorso de Nyx e oferecer-lhe um pedaço sangrento de fígado bovino, como recompensa por sua ajuda.

– Tudo bem? – a loira questionou, deslizando a mão carinhosamente pela cabeça do animal.

– Sim, claro. – Emily aproveitou a distração dela para conferir o próprio antebraço.

Não havia nenhuma espécie de ardência, porém, algo parecia fora de lugar. Ela inspirou, fechando os olhos, sentindo a brisa balançar seus cabelos para trás e enfim atribuiu a estranheza ao incidente com o dementador. Entrar no bosque desde então trazia esse receio desagradável ao seu espírito, como se fosse acontecer novamente ao menor descuido.

Cadmillos pousou em um dos galhos de uma das árvores próximas a elas e Verity esboçou um semblante animado, reconhecendo a presença da coruja ali.

– Ele já chegou – disse, alternando sua atenção da ave para o rosto de Emily. – Vamos!

Verity tomou a iniciativa e as duas se afastaram do bosque, atravessando a pequena faixa de terra rumo à torre. A mais velha dentre as jovens ansiava pelo reencontro com seu amado, ainda que o período total em que estiveram separados não representasse uma quantidade realmente expressiva.

Emily contudo, compreendia tal sentimento. A expectativa que a corroía dos pés à cabeça até o minuto em que finalmente encontraria-se nos braços dele. A determinação de retornar para casa, porque havia alguém esperando por ela. A ideia cálida de ser desejada, de ser...

Amada?

Emily não tinha certeza quanto a isso. Certamente Fred gostava dela (e agora mais do que nunca) porém, para sua mente excessivamente reflexiva, não havia a certeza dessa exata palavra. Pelo menos, não letra por letra.

Ela o amava, indubitavelmente. Todavia, verbalizar esse fato era mais complexo do que produzir qualquer poção existente nesse mundo. Tinha os ingredientes, mas não a coragem para prepará-la. E o receio de exercer sobre ele uma pressão desnecessária, como se estivesse esperando o mesmíssimo gesto de devoção... Ela jamais conseguiria fazê-lo. O que ela poderia e faria, no entanto, era seguir amando-o em silêncio.

Atlas recebeu-as de bom humor, algo que há muito não acontecia. Ultimamente, sua atuação como um dos agentes de Voldemort vinha consumindo cada mínima partícula de sua felicidade. O rapaz tinha olheiras fundas, recordações aparentes das noites mal dormidas em razão de seus constantes infernos vívidos. A insônia tornou-se uma opção bem mais agradável do que enfrentar pesadelos, quase como uma benção.

Emily queria dar à eles a privacidade que mereciam, então, deixou-os a sós depois de cumprimentar Atlas e seguiu se caminho para o antigo quarto. Uma análise rápida do cômodo e constatou que tudo estava exatamente igual, assim como nas outras vezes que visitou a Torre.

– E cá estamos nós, de novo. – sussurrou para si mesma, cansada e desiludida de suas próprias antigas aspirações.

Dizem que o tempo tem o poder de mudar tudo. No passado, com sua inocência esperançosa, Emily considerou que o motivo de tamanha estagnação se devia ao fato de ainda não ter dado ao tempo um intervalo suficiente para realizar suas devidas mudanças. Hoje, olhando em retrospecto, sua opinião pendia mais à dúvida: Se tratava-se mesmo de uma questão de tempo?

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora