· 87 · Persona

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persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado, a ocultar a verdadeira natureza do indivíduo...

A jovem saboreou mais um pedaço do tablete de chocolate. Estava deitada no sofá, na sala do pequeno chalé, enquanto um Fred inquieto caminhava em círculos. Uma das mãos apoiada junto ao peito enquanto a outra cobria a boca, numa pose pensativa.

Era como se nada estivesse ao seu redor além do chão pelo qual caminhava e as vozes em sua mente:

O que raios aconteceu?” elas repetiam incansavelmente.

– Quer parar? Vai fazer um buraco no chão. – George implorou, oferecendo mais chocolate à garota, que prontamente recusou, temendo se sentir enjoada depois de tantas porções.

– Fred você está me deixando tonta. – ela disse, sentando-se e jogando os cabelos para trás, posicionando a mão sobre a testa. – Fred? Fred!

O ruivo parou, abandonou os devaneios e voltou-se para ela. As pupilas dilatadas, graças à uma expectativa crescente de que a jovem tivesse as respostas que ele tanto ansiava, que tanto estivera buscando durante as últimas horas.

Contudo Emily nada disse. Ela apenas sacudiu a cabeça e arqueou as sobrancelhas, de maneira bastante inquisitiva. Fred entendeu então, que a ela também não portava tais respostas, mas sim, outras perguntas.

– Não quero pressioná-lo, mas – ela sinalizou para o restante da sala, para todos os presentes que estavam fitando-o. – Precisamos saber o que aconteceu. Para ajudá-lo, entende?

– Eu já te contei. – sussurrou ele, condenando-a com um olhar penetrante, como se estivesse agindo injustamente para com ele.

– Esperava que fosse ser mais específico sobre aquilo. Eu apaguei logo depois, ok? Não me lembro corretamente. – ela sussurrou de volta, igualmente acusadora.

– Ora, ora, ora... como o jogo vira, não é? – uma risada sarcástica e involuntária deixou seus lábios e ele sentou-se ao lado dela. – Não sinto que é algo que deva contar a todos ainda.

– Não seja por isso – a garota reforçou com veemência e se virou inteiramente para a pequena plateia atrás do sofá. – Com licença, pessoal. Temos assuntos particulares a tratar.

Os demais saíram, entre exclamações de insatisfação e cochichos sobre a natureza do que possivelmente seria tratado ali, na ausência deles. O ruivo aguardou até que todos saíssem e tomou para si o lugar ao lado de Emily, no sofá.

– Quando aprendemos o patrono, Harry nos disse que produzir um diante de um Dementador real, seria mais complexo do que, bem, no ambiente em que estávamos. – Fred explicou, frustrado, quase derretendo no sofá ao encarar a infelicidade da situação. – E finalmente tive o desprazer de sentir isso na pele. Te ver sendo atacada enquanto tentava pensar numa memória forte o suficiente, sem saber se conseguiria...

– E você encontrou. É o que importa. – Emily disse, desejando tranquilizar a consciência dele.

– Consegui encontrar mais do que um patrono, Emily, eu me lembrei. – disse Fred. No entanto, o que deveria soar como uma notícia feliz, lentamente se transformou em uma confissão de culpa, à medida que ele encarava o carpete e cruzava as mãos sob as coxas – Reencontrar meu irmão vivo na noite em que perdeu a orelha foi a minha memória mais feliz, mas até chegar à essa conclusão, outras surgiram... E você estava lá, numa delas. Foi apenas uma única lembrança.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora