Argus Filch era o zelador do castelo. Um homenzinho amargo, rancoroso e cruel, cujas provas de gentileza e afeto eram destinadas unicamente à sua devotada gata, a Mrs. Norris. De alguma forma, ambos alimentavam um sentimento de repulsa em relação aos estudantes, especialmente aqueles que não possuíam apreço por regras ou pela ordem. Para ele, todos estes eram delinquentes e mereciam receber duras punições.
Por isso, em dias como aqueles, experimentava o mais próximo de felicidade que era capaz de sentir. Ter um grupo de pequenos rebeldes para atormentar, submetidos exclusivamente à sua supervisão? Definitivamente era sua semana de sorte.
Emily foi a primeira a aparecer e assim que Lee Jordan e os gêmeos chegaram juntos, a carranca de Filch ficou ainda pior que de costume. Desde seu primeiro ano em Hogwarts, os dois vinham se empenhando em esgotar a (já quase inexistente) paciência do homem.
Com as delegações estrangeiras visitando-os na próxima semana, o castelo precisava passar por uma intensa faxina. E já que aqueles jovens deveriam cumprir com suas detenções, McGonagall imaginou que o zelador poderia utilizar alguns pares de mãos extras nas limpezas.
Durante todas as noites daquela semana, ajudaram a limpar retratos, polir armaduras, esfregar o chão e tirar a poeira. Depois de horas de trabalho pesado, ficavam tão cansados de seguir as orientações de Filch, que se escondiam antes que este pudesse dar-lhes novas ordens.
Na quinta-feira, noite anterior à data em que receberiam as delegações de Durmstrang e Beauxbatons, os quatro jovens foram reunidos no Salão Principal sob a supervisão meticulosa de Mrs. Norris. Lee e Emily se concentravam em limpar um lado do salão e os gêmeos cuidavam do outro.
Durante o decorrer da semana, a jovem percebeu também como os irmãos tentavam se comunicar sem que ninguém notasse, conversando em voz baixa pelos cantos, ou interrompendo-se sempre que mais alguém aparecia por perto.
– Se aqueles dois – Emily indicou com a cabeça sugestivamente o lado oposto. – estiverem tramando algo que nos faça passar outra semana usando um esfregão com maior frequência do que uma varinha, juro que acabo com os três.
– Ah, não é nada. – Lee encarou-os. Limpando a mesa da Grifinória, os ruivos cochichavam suspeitosamente. – Não se preocupe. Só estão planejando recuperar uma coisa.
– Que tipo de coisa é?
– Já disse, nada com que você precise se preocupar. – ele rebateu e ela revirou os olhos. – Mas se está tão curiosa pra saber o que é, vá falar com eles.
– Não, muito obrigada. Já se esqueceu de que são a razão de estarmos aqui limpando o castelo no meio da noite?
– Mas foi você que ameaçou a gente.
– E quem não faria, se tivesse a oportunidade? Posso listar nomes. – ela se apoiou no cabo do esfregão com uma pontada de revolta.
– O que estou tentando te dizer... – ele largou de lado o paninho úmido e voltou sua atenção inteiramente à ela, na esperança de dar credibilidade ao argumento que tentava formular. – É que se você pudesse superar toda essa besteira do caramelo e detenção... Digo, pequenos incidentes – ele corrigiu-se, ao vê-la lançar um olhar ofendido. – Tenho certeza de que eles adorariam conhecê-la melhor.
Emily olhou para o outro lado do salão mais uma vez. Os garotos agora gargalhavam, ao performar exageradas imitações de Argo Filch. Ela deixou escapar uma risadinha involuntária quando Mrs. Norris se aproximou deles e começou a miar alto e de forma agressiva, como se estivesse repreendendo-os para voltarem ao trabalho.
Lee caminhou até a garota, agarrando sua mão e arrastando-a até onde estavam. Ela até tentou se livrar, mas Lee era mais forte e estava bem determinado a conseguir uma aproximação entre seus amigos.
– Emily quer saber se precisam de ajuda. – ele disse e piscou para ela discretamente.
– Tem certeza de que é ela quem quer saber? – George disse.
– Se não vão precisar de mim, é melhor ainda. Posso me sentar e descansar aqui enquanto fazem tudo. – Emily largou os materiais de limpeza que trouxera consigo.
– Então ela ainda fala... Uma pena, realmente. – Fred riu.
– Fred e eu estávamos mesmo nos perguntando se você ainda sabe falar, já que não tem feito muito isso, não é? – George também riu e Lee apertou os olhos, comprimindo os lábios e balançando a cabeça de um lado para o outro.
– Satisfeito? Eu tentei. – ela ergueu as mãos e deu-lhes as costas.
Fred e George contornaram a ponta da mesa que vinham limpando sem o menor empenho e se colocaram à frente dela, impedindo sua passagem.
– Ah-Ah... Não vamos deixar você se livrar do trabalho tão fácil. – Fred disse mostrando o indicador e cruzando os braços.
– Principalmente com tanta coisa a se fazer por aqui. – George disse em seguida. – Bem, acho que deveríamos tentar começar de novo. – ele limpou uma das mãos na roupa e estendeu-a. – O que nos diz? Trégua?
– Não parece que terei outra escolha, não é? – os dois acenaram negativamente. Ela apertou a mão de George, ainda estendida em sua direção.
Pelo resto daquela noite, a detenção pareceu-se menos com uma sessão de tortura. Emily tinha que admitir, a companhia dos garotos não fora tão ruim quanto esperou que seria.
De fato, chegou até a pensar em como gostaria de poder ter essa companhia por um pouco mais de tempo...
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The Castle On The Hill | Fred Weasley
FanficEmily é uma jovem bruxa prestes a iniciar o sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dividindo seu tempo entre amizades, estudos e grandes eventos sediados pela escola, sua vida acadêmica promete ser mais movimentada do que nunca... Espe...