· 48 · O Lobo em Pele de Texugo

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– Está ansiosa? - Anabel comentou, observando a tigela de cereais da amiga permanecer intocada.

– O quê? É, estou sim. – Emily despertou de seus devaneios, brincando com a colher de prata que reluzia na ponta dos dedos.

A partida contra a Sonserina começaria em algumas horas, mas isso não preocupava-a. Na verdade, estava bastante segura quanto ao desempenho no jogo, já que Montague ainda não tinha se recuperado do episódio com o armário sumidouro e não poderia jogar, o que definitivamente abalaria a confiança dos demais. Além disso, tinham feito uma boa pontuação contra a Corvinal, mesmo com a derrota.

Tampouco eram os exames se aproximando. Emily já tinha estudado o suficiente por uma vida e poderia garantir um bom resultado sem uma dosagem de estresse precipitado.

– Está agindo assim há algum tempo. – Anabel comentou, afastando o próprio prato e apoiando os cotovelos na mesa. – O que houve?

Emily pareceu tentada à compartilhar seus pensamentos, procurando pelas palavras certas. Entretanto, algum engraçadinho decidiu que era a hora perfeita para pregar mais uma peça no Saguão e a muvuca que deixou o Salão Principal fez com que ela voltasse atrás em sua decisão de vocalizar sua agonia.

– Não se preocupe. Está tudo exatamente como deveria. – a jovem apenas deu-lhe um sorriso simpático e começou a comer.

Assim que partiram, Fred e George deram aos demais a inspiração e coragem necessárias para instaurar o caos no castelo. Consequentemente, Emily ainda buscava-os dentre os rostos na multidão sempre que uma nova pegadinha era armada, na esperança de que surgissem sem um aviso prévio... O que nunca aconteceu. Maio foi se arrastando e as chances de um retorno diminuíram igualmente, para a tristeza da jovem.

É claro que poderia confidenciar tudo isso e muito mais à Anabel, porém a amiga não entenderia o tipo de solidão, ou desespero que sentia.

É fato que ver Emily desanimada e aérea quebrava seu coração, mas depois de tudo o que já havia feito, Anabel queria respeitar seu espaço, até que ela se sentisse confortável para compartilhar suas aflições.

Voar à toda velocidade sob os olhares atentos da multidão animada lá embaixo, era talvez a única coisa que fazia-a sentir-se bem. A Lufa-Lufa garantiu uma vitória apertada sobre a Sonserina, então as chances da Casa eram boas. Só teriam que torcer para que a Corvinal vencesse a Grifinória com uma grande diferença de pontos na partida marcada para o fim de maio. Infelizmente, para a surpresa geral, Rony revelou habilidades de defesa que nem ele mesmo achou que teria. A taça prateada pertenceria à eles por mais um ano.

– Ainda não acredito! Estava bem nas nossas mãos e foi tudo por água abaixo! – Summerby protestou, virando a página do livro com revolta.

– Ora, quer fazer o favor de parar? Engula o choro e me dê uma dessas anotações aí. – Anabel disse e apontou para os pergaminhos empilhados perto dele.

– Caso não tenha notado, temos coisas mais importantes para nos preocupar. – Cadwallader comentou frustrado, tentando recuperar a pena que o gato de Emily carregava entre os dentes, saltitando pela mesa. – Já faz algum tempo, William. Se ocupe de outro assunto.

– Não achei que diria isso algum dia, mas não aguento mais ver livros na minha frente. – Emily disse, apanhando o objeto e devolvendo-o ao garoto. – Anabel? O que me diz de uma pausa?

– Hum... – ela virou e revirou algumas páginas, contando-as com uma expressão infeliz. – Estou atrasada nessa matéria aqui, mas podemos dar um passeio rápido, se quiser.

– Tudo bem, pode continuar a leitura. Vejo vocês depois, preciso esticar as pernas.

Emily deixou-os estudando no Salão Comunal e começou a passear pelo castelo. Estavam tendo uma semana terrivelmente cansativa agora que os exames dos N.I.E.M's finalmente haviam começado.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora