Abril foi repleto de uma incômoda monotonia, estranha ao que Emily se acostumara. A cicatriz em sua pele era uma memória turva, de uma noite que gostaria de esquecer para sempre. Se questionava porém, acerca das razões de Bellatrix para tê-la poupado, quando todos os outros em seu caminho encontraram um destino completamente diferente.
Sabia que não devia sua misericórdia ao amor materno. Não. Bellatrix não conhecia esse tipo de sentimento e poderia muito bem tê-la matado se assim desejasse. Então... Por quê?
Permitiu que as hipóteses ocupassem sua mente nos dias em que a saudade apertou mais forte em seu peito, como uma distração da realidade cruel que a cercava. As cartas que trocava com Fred não eram o suficiente, mas traziam algum alento, já que não poderiam estar juntos. Emily precisou de um grande esforço para se convencer de que era a coisa certa a ser feita, de que era o necessário.
Com maio se aproximando vagarosamente, a esperança também ia morrendo aos poucos. As flores do jardim suplicavam por um pouco de atenção, mas a jovem já não mais tinha apreço por sua beleza ou perfume. O chalé parecia uma miragem, uma velha lembrança de um passado tão recente e ainda assim, tão longínquo.
E então, numa única noite, tudo mudou.
Com a cabeça no travesseiro e os olhos pregados no teto, a jovem fazia o possível para adormecer. Teria sido uma noite como todas as outras, se não fosse pelo barulho no quintal, em plena madrugada.
Correu até a poltrona e debruçou-se para espiar pela janela. Sem uma varinha que pudesse usar para se defender, estaria condenada no caso de uma ameaça. Ela afastou as cortinas com cautela e observou uma pequena sombra se movimentando no quintal da propriedade.
Estava prestes a correr até o quarto ao lado para acordar Anabel quando um novo estalo soou e em seguida mais um, ainda mais perto e audível. Não restavam dúvidas: quem quer que tivesse desaparatado do quintal, estava agora dentro da casa, do outro lado de sua porta.
Ela afastou-se, abraçando o próprio torso com uma mão e cobrindo os lábios com a outra, forçando-se ao absoluto silêncio. Aguardou imóvel, por qualquer manifestação ou atividade.
— Srta. Lestrange? A senhorita está aí? — uma voz aguda sussurrou, ansiosamente esperando por uma resposta afirmativa. Emily recuou alguns passos, sentindo a madeira fria sob seus pés, descrente do que acabara de ouvir. — Tiny precisa encontrar a Srta. Lestrange. Tiny veio até aqui para ajudar.
A jovem parou. Ninguém na Mansão Malfoy tinha conhecimento de seu atual paradeiro e seria quase impossível que qualquer um deles tivesse enviado o elfo assim, de boa vontade, em uma demonstração de paz. Além disso, a depender do tipo de ajuda que tivesse a oferecer, tratava-se obviamente de uma armadilha.
— Tiny vai entrar no quarto agora, jovem senhorita — Emily ouviu-a anunciar, com um estalar de dedos que fez a fechadura trancada inútil. Antes que pudesse alcançar a porta e usar o corpo como bloqueio, a maçaneta girou e esta se abriu, revelando a pequena figura. — Tiny encontrou! Tiny conseguiu! — o elfo comemorou com seus olhos grandes brilhando de felicidade e satisfação.
— Silêncio, Tiny! Pare, por favor! — Emily pediu, dobrando os joelhos no chão para nivelar suas alturas. A outra imediatamente obedeceu, engolindo o choro emocionado e limpando o rosto com as pontas das enormes orelhas. — O que faz aqui? Como me achou?
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The Castle On The Hill | Fred Weasley
FanfictionEmily é uma jovem bruxa prestes a iniciar o sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dividindo seu tempo entre amizades, estudos e grandes eventos sediados pela escola, sua vida acadêmica promete ser mais movimentada do que nunca... Espe...