· 49 · Beldam e o Outro Mundo

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No centro do quarto, com a varinha pressionada sobre sua pele, Anabel permaneceu estática. Não temia o perigo iminente de um ataque, mas o choque da descoberta a impediu de se mover. Entretanto, nem todos estavam dispostos a esperar por uma rendição.

Estupefaça! – a voz masculina soou abafada pela máscara. Emily aparou o corpo da amiga antes de caírem juntas com um baque seco.

– Seu imbecil! – reclamou sentada no chão, com Anabel desacordada em seus braços – Eu disse que faríamos isso pacificamente!

– Você teve sua chance. – o mascarado guardou a varinha. – Quanto drama... Ela vai sobreviver, sabia?

– Engraçadinho. – Emily olhou-o com ferocidade.

– Quer parar de me olhar assim? Sua amiga está ótima. Vou alterar a memória dela e partiremos imediatamente.

– Agora? Mas...

– Agora.

Atlas caminhou até as duas, abaixou-se e jogou o corpo desacordado de Anabel sobre os ombros, depositando-a na cama em seguida. Ia puxar a varinha novamente quando Emily esticou o braço, impedindo-o de prosseguir.

– Ela não vai se lembrar de nada disso, não é? – questionou afastando os cabelos  que caíam desajeitados pelo rosto de Anabel.

– Você se lembrava de alguma coisa? – a jovem retirou o braço lentamente e concedeu uma implícita permissão para prosseguir. – Foi o que pensei – desencaixou a máscara, encostando a ponta da varinha na têmpora de Anabel. – Fallacia Memoria.

Mesmo sem muita luz no ambiente, era possível constatar seu aspecto jovem. Tinha olhos verdes como esmeraldas, destacando-se em contraste com os cabelos muito escuros e a pele morena, além de feições bem definidas. Uma cicatriz cortava verticalmente seu olho esquerdo.

– As portas do Saguão ainda devem estar abertas, vi Umbridge saindo com o Potter e a Granger. – ele explicou. Emily estava sentada na ponta da cama ouvindo-o, compenetrada nos próprios dilemas.

O rapaz levantou-se primeiro e ela aproveitou para aproximar-se de Anabel. Depositou um envelope na escrivaninha e lançou-lhe um último olhar. Do lado de fora, Atlas já havia reposicionado a máscara no rosto.

– Espero que tenha sentido saudades de casa, pirralha. – brincou, antes de retomar a aparência felina.

A dupla cruzou o castelo na ponta dos pés, torcendo para que ninguém aparecesse pelo caminho. O gato ia na frente inspecionando a movimentação e Emily seguia-o logo atrás. Passaram direto pelo Salão Principal e correram pelas grandes portas de carvalho do Saguão de Entrada, descendo a escadaria de pedra adiante. Atravessaram parte do gramado e chegaram à trilha que levava ao vilarejo de Hogsmead. A luz da lua e o brilho das estrelas eram as únicas fontes de iluminação naquela noite, além do imponente castelo, do qual Emily agora se despedia.

Seguiram até onde esperariam o trem, a fim de embarcar no último expresso da noite. O gato adentrou uma cabine vazia e tornou-se novamente humano, enquanto ela apressadamente fechava as cortinas.

– Álibi garantido. – Atlas relaxou em uma das poltronas e simpaticamente indicou a outra para que fizesse o mesmo. – Para todos os efeitos, você foi vista deixando a escola e pegando o trem sozinha. Deixou a carta? – ela assentiu, de cara amarrada. – Está preparada? Não pode arruinar isso.

Emily manteve o silêncio. Seus olhos se ergueram do chão e repousaram fixamente nos dele, desafiando-o.

– Já está arrependido por confiar em mim, Atlas? Eu ainda nem te dei motivos. – ela continuou com a postura ríspida ao falar.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora