Ao voltar para o dormitório, Emily se jogou na cama, chorando abraçada ao travesseiro. Odiava o fato de ter se mostrado tão vulnerável numa situação como aquela, odiava a agonia e a sensação crescente de frio na barriga quando se aproximava dele... Mas acima de tudo, odiava-o.
Como alguém poderia ser tão insensível aos sentimentos alheios?
Ela não conseguia parar de reproduzir a cena, como um disco arranhado. Cada palavra saindo de seus lábios com a cólera de uma decepção amorosa. Achou que talvez estivesse sendo dramática e imatura. Mas tudo bem agir assim aos dezesseis, é natural que aconteça.
Adormeceu depois de algum tempo, sentindo a dor de cabeça que um coração partido pode trazer depois de lágrimas. Acordou no meio da madrugada, com uma sensação esquisita nos olhos, como se estivessem pesados e doloridos. Esgueirou-se para fora do quarto, tomando o cuidado de não acordar nenhuma das garotas ao fechar a porta. Carregou a coberta nos ombros até perto da lareira e ficou ali, assistindo as chamas trêmulas dançarem. A tranquilidade que o silêncio e frescor das plantas ali ofereciam, sem dúvida tornava a sala comunal da Lufa-Lufa a mais aconchegante dentre as quatro. E essa paz era exatamente o que precisava.
No café da manhã, Emily ainda estava desanimada. As aulas pareciam longas e tediosas demais, ao ponto de perder o interesse no que os professores diziam em apenas cinco minutos. Sua mente estava muito longe. O mesmo seguiu a ocorrer até a semana seguinte quando, notando a displicência da amiga, Anabel interrogou-a. Interessantemente, ao invés de fazer os costumeiros comentários ácidos e críticas, a garota compadeceu-se das dores e apenas consolou-a.
Quase um mês inteiro já havia passado e com ele, parte da melancolia. Ainda sentia uma pontada de aflição ao sem querer, por força do hábito, repousar os olhos na mesa da Grifinória, mas bastava concentrar-se em outra coisa. Nas aulas de Poções, trocara a mesa dos fundos com Lee por uma bem à frente, que dividia com Cedrico.
E se ela precisava de distração, Cedrico tinha a opção perfeita, já que a segunda tarefa do torneio estava se aproximando cada vez mais depressa.
– O que vai ter que recuperar? – Emily perguntou. Ela, Cedrico e Cho estavam juntos, depois de um dia de treino para aprimorar seu feitiço cabeça de bolha.
– Ainda não sei. – ele respondeu.
– Não importa o que seja, desde que encontre logo. – Cho acrescentou. – Concentre-se no tempo também, Ced. Talvez isso consiga aumentar sua pontuação.
– Aí estão vocês! – Francis apareceu apressado. – A professora McGonagall quer falar com você, Cho. Me pediu para levá-la. – Emily ia acompanhar Cedrico, mas Francis insistiu que fosse junto com eles.
– Tudo bem, Emily?– ele perguntou quando Cho distraiu-se.
– Claro. – ela respondeu.
– Te chamei porque recentemente tive a impressão de que você não estava bem e queria confirmar. Anabel me disse que não era nada demais.
– Você e Anabel têm conversado bastante ultimamente. – ela pontuou.
– Espero que não seja um problema.
– De maneira alguma.
Os três chegaram à sala de Transfiguração e Cho entrou sozinha. Estavam prestes a deixar o local quando Fred e George repentinamente dobraram o corredor mais próximo, escoltando Rony e Hermione. Foi a primeira vez que Emily e os gêmeos viram-se frente à frente desde a discussão.
Eles a cumprimentaram, mas sua única reação foi desviar o rosto e inventar uma desculpa qualquer à Francis, para que os dois saissem depressa. Fred queria conversar, queria dizer alguma coisa e desculpar-se, mas permaneceu parado, vendo-a ir embora.
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The Castle On The Hill | Fred Weasley
FanfictionEmily é uma jovem bruxa prestes a iniciar o sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dividindo seu tempo entre amizades, estudos e grandes eventos sediados pela escola, sua vida acadêmica promete ser mais movimentada do que nunca... Espe...