· 86 · Brilha, Brilha, Estrelinha

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A velha torre erguia-se imponente diante da garota, causando-lhe calafrios ao recordá-la de sua última estadia no local. Nuvens opacas cobriam inteiramente os céus e uma brisa fria soprava contra as copas das árvores do bosque de onde havia acabado de sair.

– Há dementadores rondando a cidade vizinha. – Verity alertou, caminhando à frente do pequeno grupo composto apenas pelas três amigas. – Atlas me disse que não costumam vir até aqui, mas nunca se sabe...

Prosseguiram numa caminhada silenciosa até alcançar a porta da frente. Verity fechou o punho e bateu três vezes, de maneira ritmada, assim identificando-se. A porta foi aberta por Atlas e as garotas apressadamente avançaram para o interior da torre. Ele espiou os arredores para se certificar de que não estavam sendo observados.

Seguiram pela escada espiral até alcançarem, no topo, o último cômodo antes da porta que levava ao terraço. Esta sim, sempre permanecera lacrada, já que Atlas não suportava a ideia de revisitar o local e ter de lidar com os traumas que tal ação poderia desencadear.

No cômodo, George e Lee estavam sentados lado a lado, ajustando uma porção de aparatos sobre a mesa à frente deles. Fred estava recostado na parede do canto oposto à porta, de braços cruzados e cara amarrada, alheio aos demais. Ao ver as garotas, sua expressão se atenuou fracamente e ele cumprimentou-as com um mero aceno de cabeça.

A princípio, Emily estranhou seu comportamento, mas tratava-se de uma situação atípica. Fred estava envolvido em algo importante e, conhecendo-o bem, sabia que o rapaz estava lutando contra si mesmo para manter-se focado.

– Emily! Não esperava vê-la hoje. – Lee comentou com alegria, o que tirou-a do transe no qual estivera presa desde que entrara ali.

– Eu queria assistir pessoalmente. Sou uma grande fã dos correspondentes. – ela disse.

– Te darei meu autógrafo no final da transmissão, mas vou ter que recusar fotos. Não posso ser visto com inimigos públicos do Ministério da Magia. – George zombou.

– George. – Anabel repreendeu-o entredentes, apoiada sobre a mesa no vão entre os dois garotos. Acabou deixando também um tapinha leve em sua nuca.

– Você está certo – Emily defendeu o amigo com um sorriso melancólico. – Potter é o indesejável n°1, mas com certeza devo estar no top dez.

George riu divertidamente e Lee acompanhou-o, Anabel revirou os olhos e balançou a cabeça em reprovação. Nunca fora muito fã desse tipo de piada.

A surpresa porém foi Fred que, ao invés de acrescentar um comentário sarcástico, estalou a língua com desdém numa exclamação de incômodo.

– Alguém está de mal humor. – Emily disse à ele, aproximando-se quando os outros tornaram a se concentrar em suas respectivas tarefas.

– Eu? É claro que não. – o ruivo fez pouco caso e manteve sua postura de irritação, embora não quisesse admitir.

– Qual é, Weasley. Se há algo errado, pode me dizer. – ela insistiu.

Fred olhou-a e ponderou por alguns instantes, revisando mentalmente seus argumentos e avaliando a melhor forma de começar a tratar do assunto.

– Atlas me contou a respeito do que você e Verity estão planejando fazer. – murmurou ele. Seu tom indicava um certo aborrecimento, do qual Emily já houvera desconfiado.

– Você está chateado comigo porque quero tomar uma atitude ao invés de ficar parada? – concluiu, também cruzando os braços e posicionando-se ao lado dele.

– Não. É precisamente o oposto. Estou chateado comigo mesmo porque, quanto mais penso sobre isso, menos encontro razões convincentes para impedi-la. – o rapaz se dirigiu a ela com um olhar apreensivo. – Não quero ser a pessoa que se opõe e prefere te privar de fazer o que quer. Seria injusto e uma completa hipocrisia de minha parte... Mas não posso deixar de achar que, se eu não tentar detê-la como Atlas vem tentando, parecerá que simplesmente não me importo.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora