· 55 · Teogonia de Hesíodo

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Lá também está a melancólica casa da Noite; nuvens pálidas a envolvem na escuridão; Antes delas, Atlas se porta, ereto, e sobre sua cabeça, com seus braços incansáveis, sustenta firmemente o amplo céu, onde a Noite e o Dia cruzam um patamar de bronze e então aproximam-se um do outro.

Trecho retirado do poema mitológico Teogonia, de autoria do poeta grego Hesíodo.

Emily não se deixou abalar pela presença de Atlas. Na verdade, achou ótimo poder confrontá-lo tão imediatamente sobre o que acabara de descobrir.

– Snape também sabe? 

Atlas umedeceu os lábios e balançou a cabeça. Ele descruzou os braços e se afastou do batente da porta, amenizando sua expressão.

– Depois que minha mãe morreu, cresci num lugarzinho horrível, apinhado de trouxas. Sem ninguém, achei que o único jeito de sobreviver sozinho nas ruas seria enganando-os. – ele sorriu ladino. – E eu era bom em mentir e roubar. Não que eu me orgulhe disso, é claro.

Ele fez uma pequena pausa e sentou-se na beirada da cama, depois estendeu a mão oferecendo a poltrona mais próxima à Emily, que pensou que ele não continuaria enquanto não estivessem devidamente acomodados.

– Cometi o erro de escolher a vítima errada. Foi assim que conheci Severo Snape e bem, não esqueço um rosto. Especialmente aqueles que tenham sido divulgados pelo Ministério com tanto empenho como os de Comensais da Morte procurados. Na época, Severo havia sido inocentado por Dumbledore, mas achei que ainda poderia me ajudar.

– Quer dizer que Snape tem mentido para Dumbledore? – ela questionou chocada. – Ele é um traidor?

– É um Comensal – Atlas complementou e riu. – Um dos mais fiéis dentre os seguidores do Lorde das Trevas. Foi ele quem me ensinou tudo o que sei sobre  Feitiços, Poções, oclumência... Tudo graças à Severo. Me apresentou ao Lorde das Trevas e em troca só precisei fornecer à Snape o maior segredo de Bellatrix Lestrange: Você.

– Me usou como moeda de troca para conseguir o que queria? Para alcançar uma posição no grupinho de Você-sabe-quem? – Emily perguntou genuinamente decepcionada com a revelação.

– Não é nada pessoal, pirralha. Eu precisava de ajuda e Snape queria ter algo para usar contra Bellatrix. Sua mãe nunca acreditou realmente nele e poderia tentar convencer o Lorde das Trevas de que não estavam do mesmo lado. Achei que você seria o ponto fraco dela.

– Ao menos agora você sabe que se enganou. Bellatrix não se importa com nada, nem ninguém.

– É... Infelizmente cheguei à essa conclusão tarde demais.

Emily tentou assimilar o que estava acontecendo. Com uma única visão, havia descoberto que Atlas era um mercenário, seu professor de Poções um traidor e sua mãe, uma louca. Não que a última parte ela já não soubesse.

– O que diabos você tanto quer, Atlas? Que tipo de objetivo absurdo exige que você aplique tanta devoção assim? – a jovem encarou-o, mas Atlas não respondeu. Ele baixou a cabeça e ficou calado. – Não acho que realmente acredite nessa bobagem de pureza. O que está escondendo?

– Lamento, mas saiba que tenho motivos suficientes. – ele interrompeu e olhou-a com os olhos pesados.

– O que está escondendo? – repetiu.

– Chega! – ele levantou-se num rompante e adotou um semblante obscuro, o que assustou Emily a fez enrijecer na poltrona. Ainda assim, tentou manter a pose de coragem e não desviou seus olhos dos dele. – E não me venha com seu discurso moralista cheio de autopiedade! – o rapaz esbravejou num tom gutural. – Você não estava aqui quando aconteceu...

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora