· 72 · Clube dos Cinco

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"Eu poderia facilmente perdoar seu orgulho, se ele não tivesse mortificado o meu."

– Orgulho e Preconceito,
Jane Austen.

Emily sentia-se traída por seu próprio coração e tentava agora se obrigar a aceitar a dura realidade da noite anterior. Fred não havia dito expressamente, mas uma única sentença fora mais do que suficiente para convencê-la de que gostar dele era uma causa perdida.

A pior parte? Não era assim tão inesperado.

Atlas já havia alertado sobre isso, mas a garota escolheu deliberadamente ignorar os riscos. Apesar de seu sobrenome desagradável, aprendera o suficiente sobre si e havia se agarrado à esperança de que os demais pudessem ver o mesmo. E se Fred era incapaz de ignorar as marcas de um passado do qual ela não se orgulhava, então talvez também devesse abandonar seus esforços.

– Estamos procurando por Atlas. – George comentou durante o café da manhã, já que o silêncio dos outros dois se tornou desconfortável demais para suportar. – Vamos resolver tudo em breve.

– Não acho que seja necessário. – a garota anunciou, sem desfocar da xícara em mãos. – Só queríamos encontrá-lo para trazer as memórias do seu irmão de volta, mas ele parece ótimo sem nenhuma delas. Não precisamos mais de Atlas.

– Como? – George olhou de um para outro perplexo.

– Não cabe à você decidir isso. São minhas memórias. – Fred rebateu.

– Suas memórias sobre mim. – Emily corrigiu com ignorância. – E se me tolerar por alguns dias é um tormento insuportável para sua pobre mente debilitada, imagine então ter que conviver com as lembranças que acumulou por tanto tempo.

– Está exagerando. – ele disse.

– Vai conseguir sobreviver sem essa parte da sua vida, Weasley.

– O que está acontecendo? O que deu em vocês? – George interrompeu a discussão.

– Pergunte ao seu irmão, eu preciso sair um pouco. – ela abandonou a xícara sobre o pires e levantou-se.

– Sabe que não deveria sair sem um de nós. – Fred fez o mesmo.

– Então é muito simples. Pode vir comigo. – ela esperou por uma resposta, mas Fred desviou o rosto e tornou a sentar. – Humpf. Foi o que pensei.

Ela saiu pela porta da cozinha. Ouviu as vozes de Fred e George discutindo do lado de dentro e seguiu até os limites da propriedade. Já tinha feito passeios bem mais arriscados do que umas poucas voltas pelos campos da propriedade, não havia o que temer. Além disso, qualquer possível ameaça seria até cômica, diante da quantidade de raiva acumulada em seu peito esperando para ser descontada.

Um pouco mais afastado do chalé, o caminho escondia uma bifurcação. A pequena trilha, encoberta por arbustos, crescia junto com as árvores ao seu redor. Tentadora demais para ser ignorada, Emily seguiu cautelosamente por esta. O barulho de água corrente chamou a atenção da garota: havia um pequeno riacho logo adiante.

A jovem retirou os sapatos, dobrou a barra das roupas até a altura do joelho e sentou-se sobre uma das formações rochosas revestidas de lodo que guiavam o curso da riacho. Colocou os pés dentro da água e as mãos atrás do corpo, erguendo a cabeça para apreciar os raios de sol que penetravam entre as folhas das copas das árvores.

Emily estava bem mais leve. O contato com a natureza seria o suficiente para fazê-la administrar os nervos fora de controle e a ressaca moral consumindo-a.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora