· 84 · (Re)Encontro

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As horas que antecederam o encontro de Emily e Fred, foram para ela, mais angustiantes do que os dias inteiros que transcorreram até o sábado. Repentinamente, os minutos não passavam e tudo o que fazia para se esquivar dos pensamentos sobre ele surtia o efeito oposto. A garota passou a maior parte do tempo restante perambulando pelo chalé, jardim e quintal, evitando pequenas crises sempre que se recordava dos planos para aquela noite.

Verity e Anabel (que decidiu ficar e apoiar a amiga) não puderam deixar de notar o comportamento dela. Elas fofocavam sobre o assunto sempre que Emily não estava por perto, o que ocorria com frequência, já que a jovem preferia ficar em seu próprio mundo, lidando com seus sentimentos e compilando-os numa grande pilha de conflitos internos.

Quando o sol começou a se pôr, Emily correu para o interior do chalé, a fim de se aprontar para o encontro. Na verdade, a utilização de tal palavra foi até mesmo proibida em sua presença, para evitar desencadear uma comoção desnecessária por parte das outras duas.

Coberta pelo roupão de algodão depois de um banho relaxante, ela sentou-se em frente à penteadeira e pediu que Anabel arrumasse seu cabelo, enquanto Verity suspendia as roupas no ar para que escolhessem a melhor.

– E este? É tão bonitinho. – disse a loira, esticando o vestido florido em cima da cama.

– Não é muito casual? Seria ideal para algo como uma caminhada perto do lago, não para isso. – disse Anabel, prendendo o cabelo da amiga em um coque alto e mudando de ideia, deixou-o cair novamente sobre os ombros.

– E o que exatamente é isso, Anabel? – questionou Emily, desafiando-a com um tom de voz calmo, porém inquisitivo.

– Um encontro noturno. Há romance, drama... Estamos buscando algo sofisticado.

– Mais femme fatale, hein? – Verity empregou seu suave sotaque francês e posou ironicamente. Ela retomou seu trabalho de vasculhar entre as roupas. – Oh, veja! É lindo... Perfeito!

A loira mostrou-lhes um lindo vestido preto e longo, com mangas que cobriam os braços inteiros até os pulsos e se prendiam aos polegares. O espartilho tinha detalhes dourados e parecia perfeito para esculpir o corpo sob o tecido.

– Eu me lembro desse! Estava em uma caixa de presente na torre e achei que era a coisa mais linda do mundo. Ainda bem que o trouxe comigo! – disse Anabel com alegria, batendo palmas discretamente.

– Não vou usar isso.

– O quê?! – disseram as duas jovens em uníssono.

– Mas é maravilhoso! O que há de errado com ele? – Verity perguntou, analisando-o de perto em busca de pequenas avarias.

– Foi um presente de Narcisa. – Emily se levantou e tocou o vestido com uma cara abatida. – Ela só o escolheu porque me deixaria parecida com aquela mulherzinha.

Oh. Eu entendo. – Anabel apoiou uma das mãos sobre o ombro da amiga. Verity se moveu um pouco para fora do campo de visão de Emily e as duas trocaram um olhar cúmplice. – Mas é uma pena. Você ficaria magnífica.

– Por que não experimenta? Se não se sentir confortável, podemos escolher outro. – Verity tornou a se aproximar das roupas restantes no móvel. – Se bem que esse é definitivamente o melhor dentre as opções. – ela sussurrou para si mesma.

– Por favor, Emily... Seria um desperdício não experimentá-lo ao menos uma vez. – Anabel insistiu, forçando uma expressão de pobre coitada que sempre a convencia. – Venha. Vou terminar o seu cabelo e colocar um pouco de cor nesse rosto enquanto você pensa. Verity? Escolha mais um.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora