· 77 · Aquilo Que Qualquer Idiota Pode Ver

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Nunca lhe confessei abertamente o meu amor, mas, se é verdade que os olhos falam, até um idiota teria percebido que eu estava perdidamente apaixonado."

Emily Brontë

Retornar após o inesperado encontro com Cedrico Diggory, foi como desapertar de um sonho bom. Abrir os olhos e encarar a realidade certamente seria uma experiência um tanto desconfortável, porém impossível de escapar. Emily notou suas mãos ainda agarradas à bússola de prata como um tesouro valioso e piscou algumas vezes, antes de abandonar a expectativa de poder vê-lo novamente.

Cedrico disse que estaria presente caso a jovem precisasse dele e essa era a única coisa capaz de confortar seu coração naquele momento: a ideia de tê-lo consigo, mesmo que não fosse exatamente do jeito que desejava.

Emily virou-se para Atlas. Parado em silêncio, aguardava pacientemente até que estivesse preparada para conversarem. Não queria apressar as coisas, pois dar-lhe aquele espaço seria fundamental para processar o que havia acontecido. Atlas sabia como era profundamente doloroso reencontrar alguém amado, mas que foi perdido.

Afinal de contas, ele também pôde se despedir de seu próprio alguém: sua mãe.

– Você está bem? – Atlas perguntou. Emily sacudiu a cabeça afirmativamente e inspirou, soprando o ar para fora em seguida.

– Há algo mais que queira me contar? – a jovem disse, tentando mascarar suas reais emoções com polidez e frieza.

– Na verdade, há sim. – ele assumiu. – Mas gostaria de garantir que está em condições de termos essa conversa.

– Eu estou, não se preocupe. Nada do que você tem a dizer pode me afetar. – ela assegurou com uma certeza inabalável.

– Certo, muito bem. – o rapaz concordou receosamente e se pôs a recobrar os últimos passos de sua confissão, durante a madrugada. – Eu disse à você que tinha feito coisas das quais não me orgulho e pretendo esclarecê-las agora.

– Vá em frente, Atlas. Você não tem nada a perder. Ou ganhar, de qualquer maneira. – ela debochou com um ar soberbo.

– A pior delas é a que de fato demanda mais urgência à ser comunicada. Precisa pedir aos outros para alertar a Ordem sobre isso. – ele fingiu que o comentário havia passado despercebido e recomendou temeroso. Emily apertou os olhos levemente e guardou a bússola no moletom, desconfiada do que quer que viesse à seguir. – O Lorde das Trevas me pediu que transformasse o nome dele em um Taboo. Funciona como uma chave para revelar a localização do falante, aos seguidores de Você-Sabe-Quem. Vocês não devem dizer o nome dele, está amaldiçoado.

– Deixe-me adivinhar... Você não queria fazer isso, mas o Lorde das Trevas foi tão convincente, que não restou outra alternativa a não ser obedecer e executar. – lançou-lhe um olhar irritado e cruzou os braços. – O que ele te ofereceu, Atlas?

– Ele me ameaçou, na verdade.

– Com o quê? Ah, não... Ele iria te expulsar do clubinho de melhores amigos comensais? Isso é definitivamente muito triste, vil e cruel da parte dele.

– Ele me ameaçou com a sua morte. – Atlas murmurou, um pouco envergonhado por ter que assumir tal informação de maneira tão seca. – Ele iria ordenar à Bellatrix e Rodolphus que te matassem, a menos que eu fizesse o que ele queria.

Hum... Não era bem o que eu estava esperando, mas sou obrigada a assumir que é uma boa desculpa – concordou a jovem, suavizando ligeiramente o olhar, embora ainda estivesse irritadiça. – Porém isso não justifica o que você fez com Fred. Muito menos o motivo pelo qual me abandonou após o ataque de Bellatrix, ao invés de ficar ao meu lado e consertar sua bagunça. Você fugiu justo quando mais precisávamos da sua ajuda.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora