· 35 · Pagando Pra Ver

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– Preciso enviar uma carta, posso pegar Nokta emprestada? – Emily disse, entrando no quarto de Sarah.

– Porque está me pedindo permissão para usar a sua coruja? – ela riu e deu de ombros.

– Então é um sim. – Sarah assentiu e tornou a folhear o velho livro de receitas em seu colo.

Emily retirou a ave da gaiola e recebeu bicadas ao amarrar a carta. A coruja, que levava à Hogwarts desde o seu primeiro ano, não parecia ter acostumado-se com o fato de ser substituída por um mero gato preto magricela.

– Terei idade suficiente no ano que vem e sei que é uma ideia precipitada mas... Acha que também vou receber uma carta de Hogwarts? – Sarah perguntou ao descerem os primeiros degraus da escada, para o café da manhã.

– Com certeza! – Emily assegurou-lhe, a fim de levantar seu ânimo. – E quer saber? Pode até ficar com Nokta. É seu presente de natal desse ano.

– Verdade? – perguntou empolgada. – Posso mesmo?

– É claro! Além disso, sinto que ela gosta mais de você do que de mim. – ela mostrou-lhe o indicador machucado e piscou.

– E acha que eu também iria para a Lufa-Lufa? Seria divertido poder passar mais tempo com você. – perguntou empolgada.

– Acho improvável. Vou me formar esse ano e você é muito chatinha para andar com a galera legal de verdade... Talvez seja da Grifinória. É onde os malucos são colocados. – Emily implicou e bagunçou seus cabelos.

– O garoto da plataforma... Ele é da Grifinória, não é?

– Que garoto?

– Você sabe... Alto, forte, cabelos ruivos... – Sarah gesticulou conforme falava e Emily arqueou as sobrancelhas.

– Fred?

– Não sei o nome dele, só sei que é estranho. Eu vi que ele não parava de olhar para você quando estávamos na plataforma. Acho que é maluco.

A manhã de Natal foi repleta de felicitações e trocas de presentes. Ao fim do dia, quando sentou-se no sofá perto da lareira, Emily ouviu uma movimentação no andar superior e imaginou que a coruja teria retornado de sua entrega. Sem chamar atenção, dirigiu-se ao cômodo, um pouco ansiosa. Não sabia se receberia uma resposta, mas torcia para que sim.

Entretanto, ainda amarrada à ave, estava a mesma carta que escrevera naquele dia.

Fred Weasley,

Quando soube que deixou o castelo dias atrás, no meio da noite, parte de mim ficou extremamente incomodada por sentir sua falta.

Isso infelizmente me fez perceber a dimensão dos meus sentimentos e o quanto deles ainda existe, mesmo que eu tente negar.

Sei que agora você deve estar preocupado com o seu pai e essa é a única coisa na qual consegue pensar. Eu entendo perfeitamente, então não quero te pressionar. Só estou dizendo essas coisas porque não consegui parar de pensar que, se você não fosse voltar à Hogwarts, ou não pudéssemos mais nos ver, ao menos gostaria de ter me despedido e confessado como realmente me sinto em relação à você... Ao menos, com todas as palavras dessa vez.

Espero que todos estejam bem e que o Sr. Weasley se recupere logo.

Aproveito ainda para desejar à vocês um Feliz Natal.

Com carinho,
Emily

Ela leu e releu a carta diversas vezes. Decerto aquele fora um sinal para que não a enviasse, como uma segunda chance. Deixou Nokta livre para voar e caçar pelas redondezas e não tornou a enviar a carta, guardando-a no bolso do casaco.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora