Capítulo 1 - Um sorriso cruel e aterrorizante

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Louise


Eles estão me vendo.

Aquelas coisas horrendas me olham como se quisessem me revirar de dentro para fora e destruir tudo o que eu tenho, toda minha mente e sanidade. Aqueles monstros rangem na minha direção, e eu só tenho o instinto de correr quando as pálpebras deles, que parecem mais estarem costuradas uma na outra, se iluminam, embora só haja escuridão no lugar em que deveria estar seus olhos.

Corro o máximo que consigo, atravessando uma ravina escura e cheia de sussurros que me fazem querer ir para o outro lado, o lado dos monstros com as cabeças totalmente destruídas e a pele branca – rasgada.

Não o faço, no entanto.

Seria louca se corresse até eles. Certamente me comeriam viva com aquelas bocas enormes e enrugadas. Sinto vontade de vomitar só em pensar no liquido verde e que parece ser pegajoso escorrendo por toda a extensão dos rostos deles.

Então sigo disparando até o interior da ravina, quase tropeçando em alguns pedregulhos no chão e ainda ouvindo os grunhidos altos dos monstros, que me fazem tapar os ouvidos.

No fim da ravina, vejo um feixe de luz. Deve ser a saída.

Ouso olhar para trás, apenas para ver o quão próximo os monstros estão.

Preciso ir mais rápido.

Os poucos músculos nas minhas pernas ameaçam ceder, mas sigo até a saída. Meus cabelos escuros roçam minhas bochechas rosadas e suadas, minha visão dá sinais de borrão, mas pisco algumas vezes.

Se eu não chegar até a saída, vou morrer aqui. Ninguém vai saber onde está meu corpo, ou como morri...

O feixe de luz fica maior à medida que me aproximo ainda mais da saída. Os monstros também parecem estar a centímetros de mim, ou talvez o som agonizante que chia nos meus ouvidos sejam os sussurros que há por todos os lados da ravina.

Sinto algo molhado tocar meu ombro e meu coração dispara quando giro um pouco meu pescoço para o lado e vejo uma garra a centímetros das minhas costas. Ao me notar o observando, o monstro estica a boca e uma fileira de dentes pretos de diferentes tamanhos e formas surgem, me fazendo arregalar os olhos enquanto ainda corro em direção ao fim da ravina.

– Vou adorar arrancar esses olhos castanhos e comê-los – a coisa diz, a voz grave e alta arranhando meus ouvidos como se duas lâminas estivessem os perfurando. – Faz tempo que não provo olhos dessa cor.

Me desespero e ofego, tentando me desvencilhar do monstro, mas suas garras apertam minhas costas, fazendo o líquido pegajoso colar na minha pele.

– Não adianta fugir, pequena humana – o monstro grunhe. – Não escapa de mim hoje.

Estou com medo. Medo que faz os portões da minha mente se fechar e não me deixar pensar no que fazer. Sei que estou correndo, mas não faço a mínima ideia de como estou fazendo isso.

O fim da ravina se aproxima e...

Merda.

É um penhasco.

Se pular, eu morro. Se eu ficar, o monstro me pega.

O que eu faço?

– Não escapa de mim hoje, pequena humana – ele repete, separando sua fileira de dentes.

E só entendo o que ele está tentando fazer quando a baba da sua boca cai sobre meu ombro. A coisa não é muito maior do que eu, mas basta um inclinar para alcançar minha cabeça.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora