Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 24 - O diabo pediu desculpas a mim

Louise

– Por que você nos trouxe de volta? – rosno a ele, no momento em que coloco meus pés na Casa do Fogo.

Alec e Ravena se entreolham enquanto vejo Zion se transformar em um animal metade águia e metade leão e bater as asas até as nuvens escuras no céu.

Ele – o diabo – parece nem ter escutando o que perguntei, porque, sem dizer uma palavra sequer a qualquer um dentro da sala, segue em direção a porta e sai, me deixando uma completa idiota com os dois demônios ainda trocando olhares tensos.

Olho ao redor, tentando entender o que aconteceu, mas nem Alec nem Ravena dão algum sinal de quem vão falar por que ele ficou tão assustado com um simples nome.

Scarlett.

Minutos atrás de escutar esse nome, ele estava dando uma de diabo e fazendo suas coisas diabólicas, mas ao ouvir o nome dessa mulher...

Será que é alguma namorada dele e...?

Interrompo meus pensamentos ao escutar uma risada alta ao redor da sala. Ergo o rosto e reparo em Alec se jogando em uma das cadeiras em volta da mesa.

– Scarlett é tudo, menos uma amante – ele murmura, me fazendo notar que havia pensado em voz alta.

– Alec – Ravena chama, com a voz repleta de advertência, ainda de pé, apoiada na extensão retangular.

– Acho que ele me mataria se a deixasse pensando que Scarlett é um amante dele, Ravena.

Talvez enxergando a confusão no meu rosto, ele se reclina na cadeira e conta:

– Digamos que Scarlett é a irmã dele. – Ele faz aspas com a mão, dando ênfase a palavra irmã.

Boquiaberta, ergo as sobrancelhas.

Irmã? O diabo tem uma irmã?

– Ela reinou com ele durante um tempo do inferno – Alec acrescenta, como se já não tivesse jogado essa bomba para cima de mim.

Reinaram juntos?

Ouço um pigarrear de Ravena e noto sua expressão de aviso para o demônio.

– Alec, acho que já chega.

Minha cabeça gira tão rápido que eu preciso me sentar na cadeira.

Ele não me falou isso, ou sequer deu indícios de que já houve outro alguém no comando do inferno. Não que ele me conte alguma coisa, aquele diabo é próprio mistério em pessoa. E se pensar melhor, não é tão surpreendente o fato de eu estar às cegas sobre isso, afinal, estou aqui somente ao quê? Três dias? Não sei quase nada sobre esse lugar, embora sinta que já o conheça.

– Ele... tem uma irmã? – consigo perguntar, erguendo meu olhar ao de Alec.

Ele assente, mas quem retruca é Ravena:

– Nos desculpe, Louise, mas não podemos falar mais que isso. Ele nos proibiu.

Mas é claro que proibiu. Aquele maldito não quer eu saiba de nada...

Ele não confia em mim.

Só pode ser isso. Não confia em mim para dizer seu nome, ou qualquer outra coisa sobre o seu mundo. E será que está errado? Enfim, eu sou uma intrusa aqui. Eu não me encaixo com eles, apesar de ser tão fácil conversar com Alec e Ravena.

Ele não me conta nada porque não confia em mim. Provavelmente esteja contando os minutos para que eu saia desse lugar...

Talvez notando a minha mudança de humor, Ravena e Alec encolhem os rostos, parecendo querer me consolar. No entanto, não dou tempo a nenhum dos dois. Me ergo da cadeira e cruzo a porta.