Capítulo 26 - Ela não significa nada para mim

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Devil


– Encontrei ele jogado do lado de fora dos Portões do Inferno – Zion conta, enquanto Louise corre por entre os corredores até o salão.

Esse humano inútil não poderia ter aparecido duas horas mais tarde? Que droga!

Não.

Definitivamente não. Aquilo não poderia acontecer, seria um erro. Um erro que teria milhares de consequências diferentes. Um erro que eu estava disposto a cometer porque Louise é irresistível. Um erro que eu faria sem nem pensar duas vezes sabendo que ela queria.

Mas Zion me impediu de cometer esse maldito erro.

– Não tinha ninguém com ele? – pergunto, mudando o foco dos meus pensamentos.

Porque eu preciso tirá-la da minha cabeça, da minha pele, do meu corpo. Louise é só uma humana e vai embora...

Não, eu não posso a querer. Isso seria... provocaria o caos nos dois mundos. E eu não quero isso. Gosto de como está. Gosto que ela esteja aqui.

– Não, ninguém – ouço Zion murmurar.

Pigarreio, interrompendo os passos quando o garoto humano surge no meu campo de visão.

Ele está sentado no chão do fundo do salão. Seu semblante está deplorável. Seus cabelos loiros estão agora em um tom mais escuro e bem bagunçados, seus olhos azuis totalmente sem vida e sem cor. E seu cheiro...

Ele com certeza não tomou nenhum banho esses dias.

– Por que ele está sentado no chão? – pergunto a Zion, vendo Louise se ajoelhar e abraçar o humano. – Não tinha uma cadeira para ele se sentar?

– Eu até tentei. – Zion cruza os braços, tensionando os músculos sobre a roupas. – Mas o garoto não responde a nada e muito menos escuta. Quando pousei com ele aqui, o humano apenas se sentou no chão, como se fosse um hábito.

E deve ser um hábito. Ele ficou dias com a Tríade do Inferno, e, conhecendo aqueles três como conheço, tenho certeza de que a estadia do humano não foi nada agradável como a de Louise.

Ouço um soluçar e noto que ela está chorando. O humano não dá um indício sequer de que está entendendo o que quer que ela esteja murmurando para ele enquanto o abraça.

Escuto passos atrás de mim, e sei exatamente quem é.

– Que cheiro horrível é esse? – Alec funga, mas se interrompe quando nota os dois humanos no interior do salão. – Puta merda. Onde o encontraram?

– Ele estava perto dos Portões do Inferno – Zion responde, totalmente neutro.

Ao meu lado, sinto Alec olhar de relance para mim, certamente notando um detalhe que eu sei que não deixará passar.

– Sem camisa, A? – ele murmura, e eu fecho os olhos por um segundo enquanto ele continua: – Estava exercitando os músculos, ou... o pau?

Ignoro sua pergunta totalmente inapropriada para o momento e observo Louise ainda tentando iniciar uma conversa com o amigo. No entanto, ele ainda continua absorto nos seus próprios pensamentos. Se é que ainda tem algum.

– Fique de olho em quem possa estar vigiando a casa – instruo a Zion, estalando os dedos, de olhos nos dois humanos no final do salão. – Provavelmente foi o mesmo que o deixou jogado nos Portões do Inferno

Ele assente e segundos depois bate asas até a saída.

Sinto Alec cruzar os braços, também espreitando a forma como Louise tenta de toda forma se comunicar com o amigo.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora