Capítulo 3 - Mate o garoto

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Louise


Acho que estou ficando louca.

Bem, não totalmente louca se tirarmos o fato de que tenho um transtorno mental. E isso não quer dizer que sou louca. Pelo menos eu acho.

Mas tenho certeza de que vou ficar se meus primos não calarem suas malditas bocas.

Nosso pai costuma levar Mia e eu para esses finais de semana na casa dos familiares. Hoje em específico, estamos na casa do tio Chaol, o famoso por sua piscina enorme.

Odeio piscina. Minha estação preferida é o inverno, sou a garota da neve e gelo.

– Ajeita essa cara, Lou – minha irmã murmura no meu ouvido. – Já não basta essa roupa de deusa da morte.

Riria se não houvesse um motivo para usar essa calça xadrez e blusa moletom preta.

Acordei ontem depois do pesadelo e fui rapidamente conferir se meu corpo havia algum ferimento como da outra vez. E me surpreendi quando notei que não havia um, mas vários. Meus braços estavam, estão cheios de cortes superficiais. Os mesmos cortes que as folhas das árvores fizeram enquanto eu corria do Sewn.

– Eu devia ter ficado em casa – digo a ela, jogando as bolsas no quarto em que vamos ficar. – Acho que ainda dá tempo de vol...

Não consigo terminar porque suas mãos alcançam meu moletom, me trazendo para dentro do quarto outra vez.

– Nem pense nisso. Seu amigo gatinho vai chegar a qualquer momento.

Enrijeço.

– Dylan?

Ela assente, e eu franzo ainda mais o rosto.

– Por que o Dylan viria para cá? – insisto.

– Porque eu perguntei para nosso pai se poderia chamar seu amigo que te tira das trevas – ela responde, abrindo sua bolsa enorme. – E porque eu o chamei.

– E não pensou em me avisar?

– Estou avisando agora.

Reviro os olhos.

– Mais alguma coisa que eu deva saber, senhora misteriosa?

Mia faz que não com a cabeça, fazendo menção em tirar meu moletom, mas eu me afasto.

– Não vou te matar, rainha das trevas. – Ela joga uma das suas roupas de banho, mas como não me movo para pegar, ela cai no chão. – Não vai conquistar seu amigo gatinho com essas roupas.

Quase gargalho. Como se eu quisesse conquistar o Dylan. Muito pelo contrário, quero que ele me esqueça dessa forma.

– E o que aconteceu com o "cada um é lindo do seu jeito"?

Ela dá de ombros e apanha a roupa.

– Não faz mal a ninguém usar um biquini de vez enquanto.

– Não, mas obrigada. – Ela ainda não está satisfeita com meus agradecimentos, então continuo: – Sério, Mia. Estou bem, não quero conquistar o Dylan. E se quisesse, não seria assim que eu o deixaria morrendo de amores por mim.

Sei que minha irmã acha que está me ajudando, mas eu realmente não posso tirar essa roupa. Haveria muito questionamento sobre os cortes nos meus braços. Eu poderia até ser confundida com uma suicida.

– Como se ele já não tivesse morrendo de amores por você.

Ignoro sua tentativa de entrar mais uma vez nesse assunto e me jogo no banheiro. Tiro a blusa e passo uma pomada nos cortes dos meus braços. O corte do ombro já está cicatrizando. Até rápido demais para uma ferida tão profunda.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora