Capítulo 13 - Me bata e me esfaqueei, mas fale comigo

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Devil


Me distraí outra vez.

Estava tão concentrado na possibilidade de algo acontecer com Louise que nem notei os demônios pálidos atacando Alec. Estava mais atento à vida de uma garota humana que do meu próprio povo.

Levo apenas alguns segundos para reagir.

Seguro o crânio do demônio com minha mente e o comprimo o bastante para ele grunhir de dor, mas sem o matar de imediato.

A criatura cambaleia para trás, tropeçando nas próprias pernas e arrastando as garras sobre a cabeça desfigurada, talvez querendo fazer com que a dor acabe.

Desvio meu olhar para o lado quando ouço um gemido de dor diferente.

Alec.

– Você está bem...? Droga. – Caminho até o caçador e me agacho, estudando a mordida no braço direito dele. – Ele te mordeu.

Alec grunhe baixinho, mas sei que a dor é muito maior do que ele mostra ser.

– Jura?

Dou um olhar de aviso, e ele prende os lábios como os dentes quando toco a ferida superficialmente.

A mordida de um Sewn não mata um demônio superior, mas pode fazer muito pior que a morte.

Esses filhos da puta que só podem ter sido criados no inferno possuem uma toxina que faz o ser mordido preferir tirar a própria vida a suportar o estrago que ela faz nos ossos, na carne e na mente.

– Precisamos voltar – aviso a Alec, que fecha os olhos, jogando a cabeça para trás. – E tirar essa merda de você.

No entanto, ele faz que não com a cabeça, como se tivesse algum poder nessa decisão.

– Olhe na mente dele – ele diz com dificuldade, a voz entrecortada. – Pode ter algo sobre Scarlett.

– Faremos isso depois.

Tento erguer seu corpo, mas ele não faz um sinal de que vai sair do chão brejoso.

– Pensa bem – ele murmura, ainda com os olhos fechados. – Ele está aqui na nossa frente e preso. Não pode deixar essa oportunidade passar. A humana vai se machucar se deixar ele escapar de novo.

Cerro os punhos.

Alec tem razão, ele provavelmente vai atrás dela se eu o soltar. E muitos outros virão se eu não fizer algo, mas... ele está ferido.

Que droga!

– Vamos logo acabar com isso. – Inclino meu corpo na direção do Sewn, que também ainda urra de dor, só que muito mais alto. – Quem controla você?

Deslizo uma garra sobre seus pensamentos, como uma lâmina cortando sua mente. O que me faz lembrar que esse Sewn também é diferente dos outros, ele possui uma consciência.

Será que há mais deles pelo Hell?

– Quem controla você? – rosno na direção do demônio. – Não quero ter que repetir, sua coisa horrível.

Olho de relance para Alec e o idiota está rindo. Rindo enquanto sente dor.

– Ninguém me controla além de mim mesmo – o demônio grunhe, sua voz grave faz uma pressão nos meus ouvidos, mas eu a jogo para longe. – Eu sou o único dono do meu arbítrio, faço o que eu quero.

– Isso é algo que ela diria – Alec murmura, mas faz uma careta com o esforço – Ah, merda, isso dói pra caralho!

Ele tem razão. Scarlett certamente diria algo assim. Mas precisamos sair daqui e tirar a toxina no corpo dele logo.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora