Capítulo 32 - Machos são tão previsíveis com sua masculinidade frágil

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Louise

Estou de volta ao inferno.

Nunca imaginei que sequer existia um, então deveria estar mais apavorada do que estou nesse momento. Para falar a verdade, não estou nem um pouco assustada. Na primeira vez que estive aqui, havia um motivo plausível. Dylan estava em perigo, mas agora...

Ainda há tantas coisas a considerar. Tudo aconteceu mais rápido que eu pudesse processar.

Dylan não me reconhece mais. Scarlett quer a mim por algum motivo. E o diabo...

Bloqueio todas as memórias com ele que circulam em torno da minha mente nesse momento. Não posso me lembrar de quanto foi bom beijá-lo, de quanto eu desejava ter ido além daquilo. Não posso recordar do quanto seus olhos fazem meu corpo perder o controle sobre si, do quanto sua voz faz minhas pernas estremecem, do quanto seu toque faz minha pele se incendiar mesmo não estando pegando fogo.

Não posso lembrar de nada disso porque eu o odeio e porque ele é mau. Aren sempre encontra um jeito de me fazer odiá-lo ainda mais. Ele me enganou outra vez. Disse que Dylan lembraria de mim, mas...

Espero que meu amigo esteja bem agora.

A água da banheira se agita quando eu me ergo e caminho nua até o interior do banheiro. Agarro a toalha e a envolvo no meu corpo, olhando meu reflexo no espelho. Diria que já tive dias melhores. Meus olhos estão com algumas olheiras, meus lábios secos e meu rosto mais fino do que quando fui embora desse lugar.

Eu realmente não estava me alimentando direito no meu mundo.

Derramo um pouco de um dos perfumes em cima do mármore sobre meu pescoço e meus braços antes de secar meus cabelos e voltar até o quarto. Entro no closet enorme e escolho uma das roupas menos... extravagantes que consigo achar – um vestido azul como o céu da meia-noite em um corte em V. Há uma abertura em um dos lados que sobe até a coxa e as mangas do tecido tule que cobrem meus dois braços.

Fico tentada a espiar pelo espelho, mas uma batida na porta me impede.

– Pode entrar – aviso, saindo do closet.

A porta é aberta, e eu me arrependo da permissão no minuto em que tenho um vislumbre do demônio alto e forte caminhando com as mãos nos bolsos das calças.

Ele também trocou as roupas, embora sejam as mesmas sombrias de sempre – um terno escuro bem alinhando ao seu corpo contraído. Seus cabelos preto-azulado também estão mais arrumados e seu cheiro...

Merda.

Não devia ter inspirado o ar. Seu aroma sempre me deixa tão desestabilizada quanto seu corpo e a sombra que o acompanha.

Seus olhos escuros como a noite percorrem meu corpo de cima a baixo e um suspiro demorado escapa dos seus lábios rosados quando seu olhar volta a encontrar o meu. Mas de repente, suas sobrancelhas se estreitam.

– Por que está vestida com essa roupa? – o diabo pergunta, também me trazendo esse questionamento.

Por que eu vesti esse vestido que obviamente foi feito para ser usado em uma ocasião especial e não para dormir? Eu não faço a mínima ideia. Foi inconsciente, como um hábito, algo natural.

Abro a boca para responder, mas como explicaria?

– Tudo bem, não precisa responder – ele murmura, talvez percebendo a ausência das minhas palavras. – Na verdade, que bom que vestiu. Temos um jantar agora.

Semicerro meus olhos, me perguntando se ouvi direito.

– O quê? Um jantar?

– Sim. Ravena, Alec e Zion já estão na sala. Só falta você. – Aren reclina as mãos nos bolsos da calça, como se para manter o autocontrole. – Por isso vim chamá-la.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora