Devil
– Oi, irmãozinho – Scarlett murmura, arrumando alguns fios dos seus cabelos da cor de sangue, afastando-os dos seus olhos escuros. – É bom de te ver de novo.
Merda.
Ela realmente voltou.
Ainda tinha esperanças de que pudessem ser apenas rumores, ou que talvez ela tivesse desistido e voltado para onde quer que estivesse depois que foi embora, anos atrás.
– Não sou seu irmão.
Por mais que tenhamos vivido com tal em algum momento de nossa existência, não somos nada além de demônios que possuem habilidades parecidas. Scarlett também consegue entrar na mente de qualquer ser que tenha consciência. Então, consequentemente, pode bloquear qualquer um que tente invadir a sua.
Ainda assim, procuro uma brecha na sua mente para tentar descobrir o motivo do seu retorno. Mas, como imaginava, seus escudos estão tão impenetráveis quanto antes. Se não até mais.
– Eu realmente me sinto lisonjeada por tentar ler meus pensamentos, irmão, mas sinto muito dizer que suas tentativas não passam de cócegas no meu estômago. Mas valeu o esforço.
– O que quer, Scarlett? Se me lembro bem, na última vez que nos vimos você estava com o rabo entre as pernas, com as malas prontas para deixar o inferno.
Como eu acreditava, ela não parece nem um pouco ofendida com meu comentário. Scarlett é assim, não se importa com sua reputação se isso a mantém longe de perigo.
– Fiquei magoada, irmãozinho – ela desdenha, fazendo círculos no chão com sua bota. – Faz tanto tempo que não nos vemos, e é assim que me recebe?
– O que você quer de verdade? Eu não tenho tempo e nem disposição para uma conversa como essa.
Ela não responde de imediato.
– Só queria rever meu irmão. Faz anos desde a última vez que nos vimos. Ah, e eu sinto muito por ter ido embora naquele dia, é que... – Ela faz uma pausa, erguendo as sobrancelhas avermelhadas. – Não sou fã de salas pequenas.
– Já me viu, então já pode voltar para onde sei lá você estava.
– Isso foi uma tentativa sutil de me perguntar onde eu estive, Aren?
Reprimo a repulsa que sinto ao ouvir meu nome na sua boca.
– Não importa onde esteve ou está, contanto que seja bem longe do inferno.
Uma brisa de ar se movimenta sobre nós dois enquanto Scarlett repuxa os lábios, erguendo o olhar para trás de mim. Para a casa de Louise.
Droga.
– Seu brinquedinho novo é bem bonito, maninho – ela murmura, e eu rosno internamente, recuando a brasa ardente que cresce pouco a pouco nas minhas veias.
– Não faço a mínima ideia sobre o que está falando.
Scarlett ri. Ri muito alto. Tão alto que só é possível estarmos imperceptíveis aqui nessa rua porque bloqueei nossas imagens da mente de qualquer pessoa a cinquenta metros de nós.
– Você mentia melhor, irmãozinho. É tão divertido ver vocês machos se enrolarem com coisas tão banais. É só ver uma fêmea bonita que perdem toda a postura de valentão das trevas.
Não respondo às suas suposições porque são totalmente incoerentes. Eu não perdi minha postura e muito menos pretendo.
Ouço um estalar de língua e noto Scarlett trocar a posição dos pés. O movimento é leve, mas não me impede de encolher meus ouvidos com o ranger da sua calça de couro vermelha.
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Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)
RomanceO que aconteceria com o mundo se o diabo se apaixonasse por uma humana? Louise Quinn é uma garota não muito normal, já que foi diagnosticada com esquizofrênica aos cinco anos de idade. Louise costuma ter pesadelos todas as noites com criaturas de ou...