Capítulo 46 - Alguém diferente

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Devil


Uma gota de suor escorre pelo meu rosto, talvez duas, enquanto eu conduzo minhas chamas até os Sewns através da neblina, que tentam com todo afinco ultrapassar a barreira e nos estraçalhar.

Matar alguns deles é fácil, agora centenas...

Scarlett filha da puta. Esse tempo todo ela esteve criando um exército de demônios. Não havia entendido no início por que ficar tantos anos fora, mas agora faz sentido. Todos esses Sewns têm consciência. Scarlett os deu. Ela esteve planejando isso por décadas.

Firmo o escudo sobre Louise e os outros, sentindo minhas forças cada vez mais chegando ao fim, e procuro Scarlett entre a névoa. Não consigo ver seu rosto com muita clareza, devido aos demônios à sua frente, mas sei que está sorrindo agora.

Ela tinha uma carta na manga, e eu não percebi. Estava debaixo do meu nariz, ainda assim fui cego, tolo.

– Como vamos matar todos esses demônios? – ouço Ravena perguntar, detrás do escudo. – Tem centenas deles, Aren. Não vamos conse...

– Nunca duvide do diabo, Ravena – murmuro, mesmo sentindo o lado esquerdo do escudo se enfraquecer a cada segundo.

Eles não podem quebrar o escudo. Se fizerem isso, será o nosso fim.

Ouço um resmungo baixinho de Alec, e nem preciso ver para saber que está ao lado do Grifo.

– Eu gosto muito da sua fé em si mesmo, A – ele retruca, o divertimento no seu tom de voz se apagando. – Mas você é diabo e não um deus. Uma hora ou outra esse escudo vai cair. Precisamos de um plano.

É uma droga, mas ele tem razão.

– O que podemos fazer? – A voz dela ecoa nos meus ouvidos, e uma sensação confusa envolve meu peito.

Afasto meu rosto até Louise, que me observa com a respiração ofegante. Vejo medo nos seus olhos. E não o medo de antes, medo de mim, mas do que pode acontecer se essa barreira for rompida. Assim como todos os olhares ao meu lado.

– Tem que ter alguma coisa. Alec e Ravena têm razão, eles vão conseguir ultrapassar – ela insiste. – Podemos lutar contra alguns deles. Vi em um filme da Marvel que abrir uma fração do escudo vai fazer com que eles parem de tentar forçar toda a defesa e ir somente por aquele lugar aberto. Podemos matar os que entrarem.

– O que é Marvel? – Alec ergue as sobrancelhas.

– O que é Marvel? – ela repete, a voz dura e os olhos levemente arregalados. – Como vocês sequer conseguem viver no inferno sem conhecer os vingadores?

Alec abre a boca para responder, mas eu me antecipo, ignorando a conversa fiada dos dois.

Lutar contra alguns deles? – Pisco, incrédulo. – Você se ouviu falar, Meu Anjo? Não tem como lutar contra todos esses demônios. E creio que lutar contra um Sewn não seja tão fácil quanto você faz parecer ser.

Ela ignora a forma como eu a chamo e sustenta a ideia:

– E você se esquece de que eu já lutei contra um deles. E matei. – O brilho no seu olhar, a firmeza da sua voz faz as minhas chamas saltitarem sobre minhas veias.

– Ela tem razão, Aren. Podemos tentar matar alguns deles – Ravena propõe, erguendo dois punhais medianos da armadura prateada. – Tenho espadas para todos aqui.

– Isso é loucura.

– Não é, não, A – Desvio meus olhos para Alec, que agarra a espada que Ravena estende na sua direção. – Podemos ajudar dessa vez. Não precisa fazer tudo sozinho sempre.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora