Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 30 - Preciso de Aren

Louise

Corro e corro até minhas pernas latejarem e meus pulmões se consumirem.

Meu pai levou Dylan para a catedral de Liverpool. Ele pretende exorcizar meu amigo. E isso não pode acontecer. Se ele fizer isso, talvez possa realmente convocar um demônio naquela igreja. E então ele mataria os dois, como todos da cidade. E até do mundo todo se conseguirem atravessar os Portões do Inferno.

Ainda não sei muito bem como isso funciona, mas imagino que invocar um demônio não seja tão simples assim. Pelo menos eu espero que não seja. Espero que eu chegue a tempo...

Como diabos meu pai acha que tem um demônio dentro de Dylan?

Se tivesse, Aren teria me dito. Ou será que não?

No entanto, não tenho tempo para pensar nisso. Preciso chegar naquela igreja o mais rápido possível.

Continuo correndo, quase tropeçando nos meus próprios pés, até que a catedral surge no meu campo de visão. Ela é gigantesca, as paredes são um tom de terracota e há janelas em arco rodeando-as. Há também uma torre no centro da construção, mas imagino que eles estejam em baixo.

Sem apreciar a arquitetura do lugar, entro na igreja e procuro os dois. E não demora nem dois minutos para que eu veja a imagem do meu pai.

Jimmy Quinn, assim como eu, tem os cabelos escuros, a pele clara e os olhos castanho-claro.

No entanto, eu não reconheço o homem à minha frente. A fé dele pode se tornar uma catástrofe se ele descobrir as coisas que existem através do nosso mundo, das coisas que eu estive perto, que eu toquei.

Devagar, caminho até ele. E quando nota minha presença, meu pai franze o rosto, confuso.

– Filha? O que está fazendo aqui?

Tento ser o mais cautelosa possível para que ele tenha o mínimo de informações possíveis.

– A mãe de Dylan me contou que o senhor havia o trazido para cá. – Pisco lentamente enquanto sua expressão se torna ainda confusa. – Por que o trouxe até a igreja, pai? Sei que ele está... diferente, mas...

– Filha, você não faz a mínima ideia do que realmente está acontecendo aqui – ele me interrompe, e eu noto uma adaga prateada na sua mão. – Então confie no seu pai quando digo que precisa voltar para casa. Para a sua segurança.

Ignorando sua tentativa de me tirar daqui, dou um passo à frente, sondando o lugar.

– Onde está Dylan?

– Eu vou ajudá-lo, Louise.

– Pai, o problema do Dylan é psicológico. Ele só tem depressão, não é nada que o senhor possa resolver. Então por favor, me diz onde está para eu o levar de volta para casa.

Entretanto, meu pai faz que não com a cabeça lentamente.

– Não é, meu amor. Sei que não acredita nisso, mas é algo muito maior que depressão. Há algo dentro do seu amigo, e eu vou libertá-lo disso.

– Pai, por favor – imploro, mas quando desvio meu olhar para o lado e vejo um pentagrama desenhado no chão, cinco velas em cada ponto da estrela e Dylan no centro dele, meu coração parece parar de bater. – Dylan.

Ele está no chão, provavelmente desacordado. Seu cabelo está úmido e sujo, seu corpo ainda mais magro. Dylan tem se alimentado pouco essas semanas, mas parece muito mais fraco.

– Dylan?

No entanto, nenhuma resposta.

– Filha, vá embora. É para o seu bem e do seu amigo...