Capítulo 16 - Bem-vinda ao inferno, Louise

2.1K 243 46
                                    

Devil


– O garoto não está morto – aviso a Louise, que chora desesperadamente.

Culpa gira ao redor dos seus olhos castanho-claro. Ela pensa que o garoto sumiu por sua causa, porque ela me desobedeceu e se aproximou dele. Ela soluça como se realmente se importasse com um humano qualquer.

– Você está mentindo! – ela rosna contra meu peito, tentando, de alguma forma, me ferir. – Ele sumiu, está morto!

Faço que não com a cabeça, procurando um jeito de explicar que não seja levando um chute na virilha outra vez.

– Louise, eu preciso que você se acalme para que eu possa explicar.

– Não! Você não vai explicar nada. Eu vou matar você

– Já não conversamos sobre...

Paro de falar no momento em que ela levanta seu punho e o choca contra meu maxilar com força demais para uma simples humana.

Ergo meu rosto, enxergando seus olhos agora mais escuros, enraivecidos. Ela realmente seria capaz de encontrar um modo para me matar nesse estado selvagem.

– Louise, meu anjo – começo, agarrando seus punhos –, admito que essa sua raiva deixa as coisas muito mais interessantes, mas temo eu que faça alguma coisa muito idiota se continuar me olhando dessa forma. Então sugiro que se acalme para que eu consiga explicar que seu amigo não está morto. Pelo menos ainda não.

Ela arfa, dando um passo para trás, e não protesta ou tenta me bater mais.

– Obrigado por ser sensata dessa vez – agradeço, assistindo suas lágrimas cessarem, embora seu rosto ainda esteja bastante preocupado.

– Se ele não morreu, o que aconteceu, então?

– Iria dizer se não tivesse me atacado dessa forma. – Ela me lança um olhar de aviso, mas eu ignoro. – Ele foi levado para o inferno.

Arregalando os olhos, ela abre a boca, mas não fala nada porque novamente dispara até mim, tentando golpear meu rosto outra vez. No entanto, dessa vez, não consegue porque rapidamente agarro seus braços e a arrasto até a arquibancada, sentando seu corpo no banco.

Ela ofega com o movimento rápido, ou talvez se assusta, porque seus olhos se alternam entre mim e o lugar onde estávamos, como se quisesse entender como chegou até ali tão rápido.

– Como...?

– Continuando – interrompo-a, deslizo uma faísca de chama sobre sua mente, impedindo-a de se mover. – Ele foi levado para o inferno. E, antes que tente me bater de novo, não foi por mim. Eu não tive nada a ver com isso.

Ainda mais confusa, Louise estreita os olhos.

– Claro que foi você. Não adianta mentir outra vez, você deixou bem claro o que aconteceria com ele se eu me aproximasse de novo.

– Sim, eu disse...

– Ameaçou – ela corrige.

– Isso. Ameacei, sim. Mas não fui eu quem fiz isso.

– Quem, então? E como sabe que ele está no inferno agora se não foi você?

– Quem, eu não sei ainda. E como sei que ele foi para lá? Eu sou o diabo, meu anjo. Consigo sentir quando alguém entra no meu mundo. Na maioria das vezes, pelo menos.

– Eu não entendo – ela admite. – Como? Por quê? Por que alguém o levaria para lá?

– Isso também é algo que não faço a mínima ideia.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora