Capítulo 18 - Ninguém toca na garota

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Devil


Ravena e eu entramos no ninho da Tríade do Inferno, nem se importando com os objetos que derrubamos no caminho, ou com os olhares apreensivos sobre nós.

A Tríade do Inferno é o que eu chamo de "a escória do Hell". Eles são um grupo de demônios que fazem de tudo no inferno. De roubar metais nas Terras Sombrias a tentar invadir o Calabouço das Almas somente porque estão entediados.

Esses demônios são liderados por outros três demônios superiores – Beatrice, Harper e Ren.

E eu só permito essa merda porque não pretendo matar todos os demônios do inferno. E porque... bem, eles me cansam às vezes.

– Vou poder matar um deles hoje? – ouço Ravena perguntar, girando duas com as mãos. – Vou me demorar mais com aquela vadia loira.

Faço que não com a cabeça, ainda caminhando por entre os demônios. Alguns se encolhem com a minha presença, mas sei que muitos arrancariam a minha cabeça se pudessem.

– Hoje não, Ravena – respondo, firme. – Estamos aqui por outro motivo e, até eu descobrir o que quero, não vamos fazer nada.

Mesmo não querendo o fazer, ela assente.

Cruzamos mais uma porta e paramos no salão onde os três patetas estão.

– Oh, mas que surpresa incrível – Beatrice chia, ao notar nossas presenças. – A que devemos a honra de vossa majestade estar nos visitando e levando sua cadelinha para passear?

Ravena rosna, fazendo menção em ir até a demônia de cabelos loiros sentada em um divã, mas apenas um suspiro meu a faz interromper os passos.

– A mesma cadela que arrancou um dos seus olhos. Se lembra, Beatrice? – Ravena incita, fazendo a fêmea se erguer do divã e ranger entredentes.

– Ainda vai me pegar pelo que fez, sua vadia da realeza.

Reprimo uma risada, observando o olho direito de metal no rosto de Beatrice ao lado do outro que ainda possui sua coloração azulada intacta.

As duas fêmeas se entreolham e se enfrentam por alguns segundos. Ravena com um sorrisinho vitorioso nos lábios pintados de vermelho e a líder da Tríade rosnando para minha torturadora. Mas se interrompem quando eu retruco para Beatrice e qualquer um que tenha audição:

– Temos alguns assuntos a tratar com vocês, imundície do inferno.

Ela dilata as narinas, mas não discute porque sabe exatamente o final da história se fizer isso. Ou melhor dizendo, o seu final.

– Ouviram os rumores dos Sewns que conseguiram passar pelos Portões do Inferno?

Beatrice abre a boca, certamente para falar algo idiota, mas não consegue porque alguém responde antes:

– Sim, ouvimos. Mas o que isso tem a ver conosco?

Meus olhos se desviam para o canto do salão, e eu vejo Ren sentado em outro divã, ao lado de Harper.

Seus cabelos são como cobre, os fios quase tocam seu maxilar marcado e claro.

Ele me olha como se não temesse a própria vida, seus olhos verdes como os musgos que há na Floresta da Caveira não revelam nada além do tédio que sempre emana de todo seu corpo. Ren sempre parecer estar cansado, entediado.

– Porque, demônio camaleão – respondo, girando o anel no meu dedo –, vocês, escória do inferno, são os demônios que me dão mais trabalho. Imaginei que soubessem de algo.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora