Devil
– Aonde vamos primeiro? – Louise me pergunta, arrumando os cabelos retos, os olhos quase em um tom de expectativa.
Antes de responder, visualizo o céu limpo, embora haja pequenos resquícios de nuvens no horizonte, e inspiro o ar fresco. Se eu forçar a visão, consigo enxergar as Montanhas Monroe.
– Ansiosa, minha Louise? – Inclino o rosto na sua direção, e seu olhar responde por sua boca. – Tenha paciência, vamos devagar. Temos o dia todo para virar o inferno de ponta a cabeça, embora que não vamos fazer isso.
– Por que não? – Ela franze o rosto, enquanto caminhamos lentamente para fora da Casa do Fogo. – Você disse...
– Eu sei o que eu disse, Meu Anjo. Mas, além do meu mundo ser vasto, há demônios que querem machucar você se não se lembra. E, embora eu tenha habilidades que acabar com qualquer um desses demônios em segundos, não pretendo começar uma carnificina hoje. – Desvio meu rosto, encontrando seus olhos atentos em mim. – E esse não é o objetivo desse dia.
Louise parece compreender a situação. Ainda assim, há uma certa hesitação em seu belo rosto.
– E qual seria o objetivo?
Interrompo meus passos, levando-a a fazer o mesmo, e recolho uma folha seca presa nos seus fios de cabelo.
– Te mostrar o lado não-cruel do inferno – respondo, tendo ciência de que eu nunca tive a intenção de fazer isso com qualquer outro ser dos dois mundos. – Há coisas e lugares no meu mundo, Louise, que você se surpreenderia.
Um suspiro pesado escapa da sua boca conforme ela parece buscar algo para dizer.
Uma rajada de vento sopra em nossos rostos e alguns sons de vozes ressoam nos meus ouvidos, me fazendo lembrar que há outros demônios ao redor.
– Tudo bem, vamos começar pelo lugar mais antigo de todos. – Afasto meus dedos dos seus cabelos e volto a andar, percebendo que Louise não vai dizer nada. Talvez não consiga. – E diria que é o que eu gosto menos.
Sinto seus passos atrás dos meus à medida que sigo pelo chão rochoso.
– Mais antig...? Por que você não gosta?
– Não sou muito fã dos deuses. – Louise fica cada vez mais confusa, então explico: – Templo dos Deuses.
Ela abre a boca e fecha diversas vezes.
– Templo dos Deuses. Uau. Eu sequer acreditava em um deus, e agora estou indo para um templo de muitos deles. – Um riso de descrença escapa dos seus lábios enquanto andamos.
Ergo as sobrancelhas, dando de ombros.
– Acontece. Só porque não acreditamos em algo, não quer dizer que não exista de verdade.
– Você acredita neles?
– Eu gostaria de não acreditar, mas... – faço uma pausa, sentindo um frio repentino na minha pele. – É como se eu os sentisse. De seja lá que lugar eles estejam. Consigo sentir suas forças, como se estivessem fazendo pressão sobre o Mundo dos Demônios. Sei que é loucura acreditar nisso, mas...
– Não é loucura – ela me interrompe, tocando meu braço, fazendo minha pele aquecer no mesmo momento. – Também sentia a mesma coisa no meu mundo.
Estudo seus olhos por um segundo, tentando desvendar o que sua mente não diz. É muito fácil entrar na sua cabeça, mas há momentos que eu escolho decifrar seu olhar.
– Os deuses? – Movo meu rosto rapidamente para seus dedos, ainda tocando meu braço, mas logo retorno aos seus olhos. – Você disse que não acreditava neles.
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Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)
RomanceO que aconteceria com o mundo se o diabo se apaixonasse por uma humana? Louise Quinn é uma garota não muito normal, já que foi diagnosticada com esquizofrênica aos cinco anos de idade. Louise costuma ter pesadelos todas as noites com criaturas de ou...