Capítulo 11 - Tudo o que não tem controle pode ser controlado

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Louise


Entro na sala do meu psicólogo com a cabeça agitada em pensamentos e memórias.

Gosto de falar com Dr. Relish, embora ele não entenda o que realmente se passa na minha cabeça. Nem eu entendo, quanto mais o coitado. Mas, às vezes, gosto dessas sessões porque me sinto à vontade para falar o que qualquer pessoa em sã consciência me acharia louca se escutasse.

O homem de cabelos castanhos sentado na sua cadeira e apoiado na mesa como se houvesse duas agulhas nos seus braços me escuta sem julgamento.

E é exatamente por isso que pretendo contar tudo o que aconteceu ontem à noite.

– Louise, pode se sentar – ele pede, e eu sigo até a cadeira em frente sua mesa. – E então, dormiu bem hoje?

Faço que sim com a cabeça, um pouco incrédula.

Por incrível que pareça, ontem à noite e na madrugada não tive nenhum pesadelo. Atribuo isso ao fato de já ter estado em um pesadelo no momento em que a sombra do homem-demônio – diabo – entrou no meu quarto.

Dr. Relish sorri com a cabeça inclinada para alguns papeis na mesa.

– Fico feliz. – Por fim, ergue o rosto enquanto se remexe na cadeira, ajustando os óculos no rosto.

Os meus, pelo contrário, ficaram em casa. Preferi usar lentes hoje, e como não houve nenhum imprevisto ou pesadelos indesejados, tive tempo para colocá-las.

Hoje ele está vestido com roupas mais formais, uma calça e camisa social escuras e uma gravata irritantemente atraente... Reprimo esses pensamentos no mesmo segundo. O que pensa que está fazendo, Louise Quinn?

– Hum... Não teve pesadelo, mas... aconteceu uma coisa ontem à noite.

Ele estreita os olhos, parecendo bem interessado.

– Me conte.

– Bem, primeiramente, mais uma vez, não me ache uma louca...

– Já disse milhares de vezes, Louise. Você não é louca – ele me interrompe. – Este lugar é seguro para falar o que quiser.

– Certo. – Engulo em seco com a compreensão no seu olhar. – Então, ontem à noite, aquele... homem que eu havia falado antes, o que estava no funeral da minha irmã, o dia...

Paro de falar, lembrando que o doutor não sabe de muita coisa ainda. Não contei sobre o ataque da escola e nem sobre o homem-demônio ter me afirmado que era o diabo.

– Na verdade – começo outra vez, tendo em mente que ele precisa de todas as informações necessárias para me entender e fazer seu trabalho –, isso começa bem antes de ontem à noite. Esse homem dos meus pesadelos, que apareceu no enterro da minha irmã, simplesmente invadiu meu quarto e quase arrebentou meu crânio. Como ele fez isso? Não faço a mínima ideia. Não, eu sei exatamente como. E vou já chegar nessa parte. Houve um ataque na escola. Não sei se você soube.

– Ah, sim, vi no noticiário. Disseram que foi um ataque animal.

Aceno com a cabeça.

– Sim, bem, na verdade mesmo, não foi um animal – conto, e Dr. Relish parece realmente intrigado. – Foi um daqueles demônios que aparecem nos meus pesadelos.

– Um Sewn.

– Exato. E não foi um ataque qualquer. Ele queria a mim. Matou pessoas inocentes por minha culpa.

Penso naqueles cadáveres sem olhos e se seria diferente se eu não existisse, se eu não tivesse nascido. Talvez minha mãe também estaria viva, e meu pai teria alguém que o ajudasse de verdade a enfrentar o luto pela minha irmã.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora