Louise
Acordo com o barulho de ruídos em algum lugar do quarto.
Contraio meu corpo e esfrego os olhos com as mãos antes de afastar o cobertor macio até a cintura.
Nem me lembro de ter me coberto ontem à noite, já que não estava com frio, devido ao ar árido daqui.
Depois que Ravena pegou as roupas novas, pedi a ela que ficasse no quarto comigo enquanto ele não chegava. Se passaram horas e nada. Conversamos sobre muitas coisas, e provavelmente eu devo ter dormido em algum momento sem perceber.
Conversar com Ravena é tão... fácil.
Olho pelo vidro da janela, apertando os olhos com os raios solares atravessando o tecido entreaberto.
Nem percebi o quanto dormir. Na verdade, nunca dormi tanto quanto hoje. É como se meu corpo já estivesse familiarizado com o ambiente. E, por mais que o ar seja cálido, acordei com um cobertor, então provavelmente em algum momento da noite, senti frio.
Me levanto da cama e tomo um banho com os sabonetes de erva. Em seguida, visto as roupas que Ravena me entregou – uma camisa escura com as alças muito finas, embora a jaqueta cubra a maior parte dos meus ombros. Uma calça preta com o tecido muito semelhante ao couro e uma das botas que ela não gostava mais.
Estou me sentindo uma valquíria pronta para a guerra. Só falta as lanças e armaduras.
Não sei se é reconfortante ou não saber que eu até que gostei um pouco das roupas e do estilo.
Provavelmente não, mas não tenho tempo para me advertir porque uma batida soa por detrás da porta, fazendo meu corpo inteiro enrijecer.
Será que é ele?
Ontem à noite, acabei dormindo sem perceber porque estava o esperando. Ele disse que viria, mas não veio. O maldito mentiu outra vez. E eu nem me importo se estava morrendo onde quer que ele esteja.
Ele me disse que iria procurar Dylan e não fez isso.
Mais uma batida na porta.
– Louise? – A voz dele é um tormento nos meus ouvidos. – Está acordada?
– Estou – respondo, apertando meus punhos.
Então ele gira a maçaneta e abre a porta. Tento gritar e lembrar da sua promessa, mas tudo escapa dos meus pensamentos quando ele entra no quarto.
Usando suas roupas sombrias e ostentando seu ar de superioridade, ele – o diabo – fecha a porta, pairando suas mãos no bolso da calça preta.
Eu o odeio de todas as formas, porque tudo o que aconteceu é culpa dele. Mas me odeio ainda mais por me deixar ser afetada por sua simples presença.
– Bom dia, Louise. – Ele me estuda de cima a baixo e limpa a garganta, provavelmente notando as roupas que estou usando, que dão contraste às suas. – Dormiu bem?
Dilato minhas narinas, ignorando sua estranha tentativa de gentileza, e, mesmo sabendo que ele não se fere facilmente como um humano, jogo a primeira coisa eu vejo na sua direção.
– Vamos começar o dia bem, pelo visto – ele murmura, desviando de uma fivela de um dos cintos de Ravena. – Vou lembrar de tirar todos os objetos pontiagudos desse quarto, pelo bem de todos os presentes nessa casa.
– Ah, não se preocupe com eles. Eu só quero matar você.
Um meio sorriso surge nos seus lábios rosados.
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Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)
RomanceO que aconteceria com o mundo se o diabo se apaixonasse por uma humana? Louise Quinn é uma garota não muito normal, já que foi diagnosticada com esquizofrênica aos cinco anos de idade. Louise costuma ter pesadelos todas as noites com criaturas de ou...