Capítulo 25 - Por que você não confia em mim?

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Louise


Aren.

O diabo se chama Aren.

Ainda não sei o que fazer com essa informação. Se passou uma semana depois daquele dia em que eu soube. Ainda não conseguimos encontrar Dylan. Aren – o diabo – e Ravena tentaram voltar até a Tríade do Inferno, mas, misteriosamente, não há ninguém lá. Nenhuma alma viva sequer.

Viva seria um exagero, já que eles não têm alma. Bem, pelo menos eu acho. Ainda não sei muito sobre esse lugar, embora Aren tenha me falado algumas coisas.

Hoje, como todas as outras manhãs desde que começamos a procurar Dylan, eu me levanto da cama e tomo um banho demorado. Visto as roupas novas que Ravena deixou ontem à noite – uma calça preta de couro, pelo menos o material me parece couro. Uma camisa de tecido de algodão com alguns cortes que, para o meu azar, destacam demais as curvas dos meus seios. Por último a bota preta que Ravena insiste "ter sido feita para mim". – E saio para fazer exatamente o que o diabo me disse que não fizessem.

Explorar.

Venho tentando fazer isso esses dias, mas sempre que consigo ampliar os passos nessa casa que parece não ter fim, Aren me interrompe, alegando que devo me lembrar de suas regras, porque, embora estejamos... avançando lentamente no quesito ter uma relação relativamente saudável, ele ainda é o rei do inferno e todas essas coisas diabólicas.

E é exatamente porque ele insiste em me manter trancada naquele quarto que caminho por entre os corredores, me amaldiçoando por achar toda essas pinturas em formas de chamas e algumas runas tudo muito impressionante.

– Posso ajudar, senhorita? – Me espanto ao ouvir algumas passadas detrás de um cômodo sem portas.

É um lugar enorme e há um espaço considerável entre as paredes. Já estou familiarizada com alguns cômodos, mas esse é novo para mim. Creio que seja algo de mais parecido com uma cozinha.

– Está perdida? Quer que eu chame a Sua Majestade? – o rapaz que aparente ter uns dezoito anos insiste.

Sua Majestade.

Nem acredito que ele mesmo tenha se ouvido falar isso.

– Não. Não preciso dele. E nem estou perdida, apenas... queria conhecer a casa.

O garoto assente, mas fica em silêncio, como se estivesse receoso sobre algo.

– O que foi? – Estreito os olhos, inclinando o pescoço para o lado.

– É que... ele nos deu ordens para não deixar a senhorita sair da casa.

Ah, mas que filho da...

– Bem, mas ainda estou nessa casa, não? – Ergo minhas sobrancelhas, me jogando em cima de um balcão cinza, tentando acalmar minha respiração. – E então, como se chama?

O rapaz tem a pele escura, mas há alguns contornos claros, como um leopardo fantasma. Seus cabelos são como a cor da neve e seus olhos como uma das nuvens cinzentas desse lugar.

– Soren – ele responde, meio sem jeito.

– Louise. – Estendo a mão, oferendo um sorriso. – Prazer.

Alguns segundos morrem antes que ele estique a mão de volta e me cumprimente.

– Então, Soren – começo, visualizando alguns objetos de culinária ao redor. – Esse lugar sempre cheira tão bem assim?

Minhas narinas inspiram o ar, deixando que o aroma dos temperos acabe com qualquer raiva que sinto de Aren nesse momento.

Soren olha em volta, como se fizesse o mesmo, e acena.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora