Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 27 - Você não entra naquele banheiro

Louise

– Dylan, você está bem? – pergunto ao meu melhor amigo pela... Já perdi a conta de quantas vezes perguntei isso desde que o vi sentado naquele chão.

Quando Zion contou que havia o encontrado, eu parei de respirar. Por um breve momento, tive um devaneio do que realmente tinha acontecido. Do que tinha acontecido e eu não estava cem porcento ciente. Não naquela hora, pelo menos.

Dylan foi capturado por demônios do inferno. Ele provavelmente foi torturado de sei lá quantas formas possíveis. Seus olhos azul-safira, que agora estão totalmente escuros, confirmam isso. E enquanto tudo isso acontecia, enquanto meu melhor amigo sofria nas mãos desses psicopatas demoníacos, eu estava... beijando o diabo.

Enquanto eu estava gostando de beijar o diabo.

Isso me faz ser a pior pessoa do mundo. De todos os que existem.

– Dylan, isso é culpa minha – murmuro, acariciando seus cabelos loiros.

No entanto, ele não dá um mínimo sinal de que vai responder, ou de que sequer está ouvindo.

Sim, isso é tudo culpa minha. Se eu não tivesse me metido com aquele maldito diabo, nada disso teria acontecido. E se Dylan já não me odiava antes por ter o rejeitado daquele jeito... Agora, então.

– Você não merecia isso – continuo, e cama em que ele está deitado range quando eu me aproximo e limpo uma mancha no seu rosto, bem próximo das suas sardas. – O que eles fizeram com você... Eu não... Me desculpa. Eu deveria ter te protegido de tudo isso, deveria ter te encontrado antes.

Seus olhos estão fixos em um ponto do teto, talvez estudando as pinturas. Não sei, porque ele não responde a nada. Nem sequer encarou meu rosto desde que o trouxe para o quarto.

E sobre o que Zion e o resto dos demônios disseram...

Dylan não é perigoso, nunca vai ser. As únicas pessoas – que obviamente não são pessoas – perigosas são eles. Todos eles. Ele, em específico.

Aren é o mais perigoso de todos. Somente o fato de ele ser quem é já o faz ser perigoso, mas aqueles olhos... Eles fazem tudo ser mais arriscado, porque em um momento você está gritando e o odiando, e outro está o beijando...

Não. Estou errada. Não posso culpar apenas a ele, porque eu me deixei levar pelo desejo. E exatamente por isso que preciso ficar longe de Aren.

– Dylan, apenas um sinal – peço novamente, e um lágrima escorre do meu rosto, caindo na sua roupa. A mesma da formatura. De dias atrás. – Me dê apenas um sinal de que está aí.

Mas nada.

Há apenas o silêncio que se junta à minha culpa, que cravam uma adaga fantasma no meu coração.

– Quer ir embora daqui, não é? – tento uma última vez.

Ele pisca uma única vez, mas não tenho tempo para ponderar, porque uma batida na porta me faz desviar o olhar.

O que será que esse maldito quer agora?

Me ergo da cama e caminho sobre o piso quente.

– O que você quer ago...? – paro de falar quando avisto cabelos castanho-claro e olhos verdes. – Alec.

Ele tenta oferecer um sorriso meio sem jeito antes de olhar por cima do meu ombro.

– Como ele está?

– Ainda não falou nada.

O demônio tenta não mostrar que se encolheu com meu tom, mas é inevitável.