Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 7 - Isso foi uma ameaça, Meu Anjo?

Devil

– Sabe que está perdendo tempo indo até o Mundo dos Humanos, não sabe? – Alec elucida, brincando com os fios do seu cabelo castanho-claro.

Claro que eu sei.

Ir até aquele lugar tedioso – embora não esteja sendo tão tedioso quanto eu achei que seria – não era uma das minhas primeiras escolhas para passar o tempo, mas, devido as circunstâncias, preciso ir.

– Tenho que saber como os Sewns estão escapando – repito, sentado no que dizem ser um trono. Não considero um trono nesse momento, no entanto. É apenas algo para descansar a bunda. – Preciso voltar àquele lugar desprezível.

Alec, meu mais talentoso caçador de demônios, ergue uma sobrancelha, agora raspando os dedos sobre as muitas tatuagens dos seus braços. Ainda me impressiona a quantidade.

– É pelos Sewns mesmo, ou... por aquela humana?

Retorço os olhos, me erguendo do meu trono, e caminho pelo espaço da Casa do Fogo.

Há meses que esses demônios inferiores vêm escapando pelos Portões do Inferno, e eu, como aqueles do mundo humano costumam chamar, o diabo, não posso permitir uma revolta de seres tão insignificantes.

Insignificantes, mas que conseguiram de alguma forma fugir do Hell. Fugir sem o meu consentimento e debaixo do meu nariz. Como se eu não fosse nada, como se eu não fosse o rei deles.

Isso foi um insulto ao meu ego, o que não é muito grande. Na maioria das vezes. Nesse caso em especifico, diria que ele está bem arrasado.

Por isso preciso saber como eles estão escapando e por que.

– Aquela humana – começo, arrastando uma das lâminas que Alec tem mais medo – tem algo a ver com a fuga desses demônios.

Alec se encolhe, encarando a Hell Blade nas minhas mãos – lâmina mediana, cercada por contornos de ouro em formato de chamas que cintila sobre seus olhos verde-claro. Ele deveria estar temendo a mim, mas como a única arma que consegue extinguir a essência de um demônio superior está agora apontada para seu peito, nem o próprio diabo seria mais aterrorizante.

– A maioria dos pesadelos daquela humana estão conectados com os Swens – conto para ele, que não pisca um segundo sequer. – E eu preciso saber por que toda vez que eu estou tentando trazer um demônio de volta ao Hell, ela aparece.

Na primeira vez que aconteceu, fiquei... intrigado. Não era como os outros, apenas a imagem dela, os olhos. Ela realmente estava lá, correndo dos demônios.

Louise me intriga bastante. E há séculos não ficava tão intrigado com alguma pessoa ou qualquer outra coisa.

– Entendi – Alec sussurra baixo, muito baixo, ainda assim, não tiro a lâmina de perto dele. Deixo que ele entenda que não pode me questionar. Ninguém pode. – E... como pretender descobrir isso?

Fico alguns segundos encarando sua pele clara, que agora está avermelhada, a respiração ofegante e apavorada do demônio superior mais esperto que eu conheci em todos os séculos de existência. Ainda assim, ele se borra de medo com o poder que tenho nesse momento sobre ele.

Mas em seguida recolho a adaga e a guardo no bolso da minha roupa, fazendo-o piscar algumas vezes e dar alguns passos para trás.

– Ainda não sei – respondo, pondo as mãos nos bolsos da minha calça. – Mas a humana provavelmente é a chave. Não pode ser coincidência que ela esteja inconscientemente metida nessa fuga dos Sewns.