Capítulo 19 - É a mulher mais linda que já vi na vida

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Louise


Estou cansada desse maldito quarto.

Passei praticamente o dia todo aqui. E, embora tenha conversado algumas horas com Alec, ficar presa em um lugar onde você não conhece absolutamente nada é aterrorizante.

Não sei o que esperar, quem esperar cruzar a porta. A todo momento que ouço um ruído, eu me levanto, pensando que pode ser um daqueles demônios, apesar de que Alec e ele disseram que eu estava protegida aqui.

No entanto, isso não deixa as coisas mais fáceis.

É sufocante estar aqui. Não consigo mais ficar nesse lugar

Ele veio até aqui horas atrás, e eu esperava que estivesse procurado por ele, mas não. Ele não estava fazendo isso e fez questão de esfregar na minha cara o quanto não se importa com Dylan.

Preciso fazer alguma coisa. Se ele não faz nada, eu tenho que fazer.

Reúno forças o suficiente e me ergo da cama irritantemente macia. Ciente de que estou descumprindo uma regra dele, toco a maçaneta de ouro e entreabro a porta, buscando alguém no corredor.

E quando noto que não há nenhum demônio por perto, saio do quarto e faço o que ele – o diabo – me disse que não fizesse.

Eu exploro o lugar.

Embora todas as paredes sejam esse tom de preto – neutro –, já que são feitas de obsidiana, o teto e o chão são totalmente artísticos. Há pinturas de todos os tipos, mas a maioria delas são contornos de chamas, além de ter alguns riscos que se parecem muito com as runas nórdicas.

Atravesso um corredor vazio que dá caminho para outra porta. Mas essa é diferente das outras, ela não é de ouro, mas de prata. Há também alguns traços de flamas que vão da ponta de baixo, circulando a maçaneta prateada, e se entrecruza com uma runa em formato de um tridente reto.

Sem que eu tenha consciência do que estou fazendo, toco a maçaneta e abro a porta. É como se o meu subconsciente me mandasse fazer isso, como se fosse algo natural e certo.

No entanto, me arrependo de o fazer no segundo em que vejo o que há dentro da sala relativamente grande. Ou melhor, quem.

Ele.

O diabo.

E não está sozinho.

Alec está sentado em uma das cadeiras douradas ao redor de uma mesa retangular que se estende quase até a metade da sala.

Em frente a ele e de costas para mim, está uma mulher de cabelo da cor de obsidiana, e seria idêntico ao meu se não fosse pouco encaracolado.

Os três conversam sobre algo que parece ser realmente muito importante, porque nenhum deles me nota abrir a porta e os observar com ela entreaberta. Estão concentrados demais para sequer escutar os ruídos da minha respiração vacilante.

No entanto, Alec tira algo do bolso, e o movimento faz o demônio me notar.

Ele arregala os olhos de leve e pigarreia baixinho em seguida, apontando a mim com as sobrancelhas claras e grossas.

– Humana – Alec cumprimenta, e o modo como ele fala não tem nada de julgamento ou sarcasmo. É simplesmente sua forma de se dirigir a mim. Afinal, eu sou uma humana e ele é um demônio.

– Demônio – devolvo no mesmo tom, e ele sorri, fazendo o diabo, a algumas cadeiras dele, franzir o rosto, alterando olhares entre nós dois.

Talvez ele ainda não saiba que Alec e eu já nos conhecemos mais cedo.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora