Capítulo 37 - Maldito diabo

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Louise

O diabo vai dar uma festa no inferno.

Aren acha que fazer uma festa vai acabar com todos os nossos problemas. E eu nem sei por que estou surpresa. Ele faz o que e quando quer. Afinal, estamos falando do diabo. Não posso me esquecer disso, apesar de o fazer de momentos em momentos. Ele é o diabo malvado e desprezível, e nada do que eu fizer ou pensar vai mudar isso. Não importa o quanto eu o conheça.

Todos já foram embora da sala, mas eu continuo sentada na cadeira, girando o anel que Aren deixou sobre a mesa antes de sair e estudando as runas sobre a superfície retangular, embora meus pensamentos não estejam de fato nos desenhos.

Uma crise existencial é tudo o que se passa pela minha cabeça.

Eu não sei o que estou fazendo, ou mesmo por que estou fazendo. Estar aqui, no inferno, era a última coisa que se passava pela minha mente meses atrás. Mas então me irmã morreu e tudo virou de cabeça para baixo.

Se bem que já estava a muito tempo.

Ainda assim, as coisas estavam somente na minha cabeça, não era algo real. Os monstros e as criaturas que via não eram de verdade. Mas agora...

Por que mesmo eu ainda estou aqui?

Sim, eu me sinto bem nesse lugar. Não faço a mínima ideia do porquê, mas me sinto. É confortável, familiar, embora nunca tenha pisado aqui antes. Mas não há um móvito plausível para que eu continue aqui. Meu pai deve estar me procurando e...

– Humana? – ouço uma voz chamar, interrompendo meus pensamentos. – Por que ainda não foi dormir?

Ergo meu rosto, encontrando o de Alec.

Ele tem razão, eu deveria estar dormindo agora, mas não consigo dormir. Não com todos esses pensamentos rondando minha mente, gritando para se libertar. É como se houvesse uma sombra ao redor da minha cabeça que estivesse lutando contra algo. E eu consideraria ser a esquizofrenia se não tivesse conhecido tudo isso.

– Fiquei curiosa para entender o que são essas runas – minto, afastando um fio de cabelo do rosto e colocando o anel do diabo no bolso da minha calça de couro.

Se percebe a mentira, ele não demonstra enquanto afasta a porta e entra parcialmente dentro da sala, parecendo estudar minhas feições.

– Infelizmente, nem nós entendemos essa mesa. Ravena acha que é semelhante as minhas tatuagens, se movimentam de acordo com os sentimentos. Já eu, acho que seja bem maior do que isso.

Estreito meus olhos, voltando a estudar a mesa.

– Sentimentos? Uma mesa tem sentimentos?

– É só uma teoria. Ninguém realmente sabe. – Ele se senta em uma cadeira ao meu lado, e fica em silêncio por um momento antes de perguntar: – Como você está? Faz dias que voltou, e não nos falamos bem. Só naquele jantar, que, vale lembrar, foi um show em tanto.

Sem perceber, abro um pequeno sorriso em meio ao mar de pensamentos sombrios que divagam na minha mente. Alec ergue as sobrancelhas, os olhos brilhando em admiração.

– Sério, você tinha que ver pelos meus olhos quando você puxou o tecido da mesa. Aren ficou possesso. Não sei como não incendiou a casa. Foi lindo de se ver. Ele costuma sair do sério com muita facilidade, mas com você... Que os deuses abençoem os filhos de vocês.

Meu riso morre no mesmo momento em que ele termina a frase.

– O quê?

– Esquece, eu estava só brincando. – Alec tamborila as mãos na mesa, e eu consigo respirar novamente. Filhos... – Mas então, como está?

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora