Capítulo 33 - Vamos conhecer o Hell, então

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Louise


Estou entediada.

Dias se passaram desde que voltei para o inferno. E durante todo esse tempo Aren e Alec tem caçado e torturado mais demônios inferiores em busca de informações sobre Scarlett.

Ainda não se sabe o porquê ela me quer, ou o que pretende fazer, mas eu estou começando a ficar preocupada.

Nunca houve um tempo em que eu me importasse com a minha segurança. Afinal, eu não acreditava que existia nada disso. Até assassinato comum não me dava medo. Eu travava minha vida como se não tivesse importância.

Mas agora...

Depois do que eu vi, dos monstros e demônios que andam à solta nesse mundo... Que me caçaram.

Estou com muito medo.

No entanto, acima do terror está o tédio. Não faço nada além de caminhar pela casa e ajudar Soren na cozinha.

Já tentei pedir a Ravena que me deixasse ir com ela para onde quer que ela esteja indo todas as manhãs, mas ela está irredutível. Afirma que é perigoso, que a Tríade que ela está caçando é traiçoeira e que Aren a mataria se permitisse uma coisa dessas.

E então aqui estou eu, em uma das salas enormes da casa, estudando as runas sobre toda a superfície da mesa retangular. Elas se movimentam em minuto e minuto. Não sei ao certo o que isso quer dizer, mas tenho a impressão de que essa mesa não é um móvel qualquer.

Me sento em uma das cadeiras douradas, tendo um vislumbre de uma sombra se agitar sobre as runas. É como se fosse um mapa.

Faço sinal em tocar o desenho, mas passos ressoam por trás da porta prateada, e eu me ergo da cadeira. Nem sei por que faço isso, é quase como um instinto.

Mas então a maçaneta se move e alguém entra na sala. Alguém não, o diabo. O diabo em pessoa.

Involuntariamente, meu olhar se volta à janela de vidro. Ainda é dia, e ele costuma voltar ao entardecer. Por que voltou tão cedo hoje?

– Por que está aqui? – Aren pergunta, como se também estivesse surpreso ao me ver. Certamente não esperava minha presença nesse lugar.

Nos falamos muito pouco depois daquele desastre no jantar. Mas, para minha sorte, ele não fez nada com o garoto. Pelo menos eu acho que não. Sei que se tivesse o matado, estaria espalhado aos quatro ventos como é malvado e demoníaco.

– Não tenho nada para fazer. Estou presa nessa casa. E, por sinal, bastante entediada – respondo, voltando a me jogar na cadeira, mas congelo quando me lembro do meu pai. Droga. – Meu pai deve estar me procurando, ele não faz a mínima ideia de onde estou.

Ouço um ranger da vidraça e reparo quando ele derrama bebida em um copo da bancada antes de beber um gole, totalmente despreocupado.

– Entediada? – Aren murmura, ignorando a minha aflição. – Ah, mas tem tantas coisas que poderíamos fazer para passar o tempo, Meu Anjo.

Ele se esparrama em uma cadeira distante da minha, embora eu consiga sentir até o aroma da sua nuca de onde estou. Seus olhos acendem mais rápido do que se jogasse gasolina em uma faísca de fogo.

Estar sozinha nessa casa com ele é uma das coisas mais erradas e perigosas dos dois mundos. Não há nada que eu poderia fazer se ele decidisse que quer algo de mim. E não por falta de força bruta, mas de força de vontade.

– Tantas posições – ele prossegue, bebendo um gole da bebida, sem perder o contato.

Uma rápida lembrança da imagem que ele me mandou dias atrás pela minha mente de como me "mataria" vaga meus pensamentos. Uma imagem totalmente inapropriada, eu diria. Uma imagem que quase me fez engasgar com a própria saliva.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora