Capítulo 40 - Eu sou o monstro, o vilão da sua história

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Louise


Abro os olhos, sentindo um odor horrível de putrefação, e contraio os ombros enquanto junto minhas pernas sobre o chão sujo.

Minha visão borrada não me ajuda a decifrar onde estou, mas certamente em algum lugar do inferno. O ar cálido informa isso, além das criaturas horrendas à minha frente.

Talvez notando que acordei, um dos demônios estica os lábios enrugados, e sua fileira de dentes podres é exibida, fazendo um grunhido interno romper sobre minha garganta.

– Ela tem cheiro de morte – ele range, sua voz grave rasgando meus ouvidos.

Ótimo, até no inferno isso.

– Consigo sentir – outro concorda, contraindo os olhos grudados. Nem sei como eles conseguem enxergam assim.

– Mas que pena que isso não vai ajudá-la a fugir. – O Sewn inclina a cabeça detonada de cortes, com um certo divertimento no rosto.

– Mas eu nem estou tentando fugir. – Ergo as sobrancelhas, sentindo algumas gotas de suor escorrer pela minha pele.

Na verdade, eu deveria. Até porque esses mesmos demônios já tentaram me matar duas vezes. Quatro, se contarmos com os pesadelos. Não seria novidade se eles estivessem rasgando meu corpo nesse momento.

Parecendo pensar o mesmo que eu, o demônio mais alto e aparentemente mais experiente sorri enquanto o outro rosna na minha direção.

– Mas devia.

Antes de responder, estudo o lugar por um momento. É parecido com um porão, há algumas armaduras, espadas e diversos punhais sobre uma mesinha. As paredes são de obsidiana e o teto coberto por caligrafias nórdicas.

Então ainda estamos na Casa do Fogo.

– Onde estou? – pergunto, voltando meu olhar aos demônios, que não parecem nada satisfeitos com minha tranquilidade. – Por que estou aqui?

– Está onde deveria estar.

– Para ser nosso jantar – outro acrescenta, afiando as garras sobre a mesinha.

– Olha, eu não queria ser muito... estraga prazeres – começo, reclinando minhas costas na parede. – Mas acho que não é um bom momento para seja lá o que pretendem fazer comigo.

Seus rostos se franzem, e eu tento buscar uma forma menos explícita para explicar com quem e o que eu estava fazendo horas atrás.

– É sempre um bom momento para devorar humanos.

Solto um suspiro lento, me surpreendendo como suas palavras não causam medo em mim. Eu realmente devo estar louca. Há meses atrás, eu estaria correndo na direção oposta a essas coisas.

– Em uma festa do diabo? – Pigarreio, salientando o que Aren havia aviso antes.

Naquele momento, eu me senti humilhada e vontade de matá-lo, mas agora, se raciocinarmos melhor, realmente pode servir como proteção. Pelo menos deveria, já que ele ameaçou a todos com todas as palavras.

– Quando o próprio disse que ninguém deveria tocar em mim? – acrescento.

Não faço a mínima ideia de como estou tendo coragem para dizer isso. Talvez os dedos do diabo tenham feito milagre.

– Se ele não souber que estamos como você, nada acontecerá conosco.

– Realmente acham que conseguem se esconder do diabo? Eu falo isso porque tentei durante meses. E esse maldito não saiu um instante na minha cola.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora