Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 31 - Parece que foi enganada outra vez, Meu Anjo

Devil

Maldito humano.

Amaldiçoo a hora que esse idiota entrou na minha vida. Amaldiçoo toda sua descendência. Se é que ele terá uma depois que eu acabar com isso.

Dou alguns passos na direção de Louise, desviando de um corpo no chão e contendo a brasa ardente que vem sussurrando na minha pele desde o momento em que ela surgiu no meu quarto enquanto estava no pesadelo.

Mesmo antes de vê-la, consegui sentir seu cheiro – lavanda e frio. Foi inevitável não reconhecer aquele aroma. Não quando ele estava impregnado no meu corpo e na minha essência. Não quando era somente aquele cheiro que estava mantendo a minha sanidade no lugar durante esses dias em que ela estava no Mundo dos Humanos.

E eu sigo tentando controlar meu próprio corpo e minhas veias que insistem em se contraírem enquanto minha mente recorda do nosso beijo de minutos atrás.

– Obrigada por vir – Louise agradece, antes que eu consiga dizer algo.

Não que eu queira ou tenha algo a dizer. A única coisa que quero e pretendo fazer nesse exato momento é quebrar, estraçalhar e esmagar esse maldito humano inútil que só atrapalha minha vida.

– Ele está assim a um bom tempo. – Ela aponta ao garoto deitado chão e engole em seco conforme desvia seu olhar ao meu. – Meu pai... Ele tentou exorcizá-lo e... Acha que consegue fazer alguma coisa?

Embora que todos os meus pensamentos me mandem apenas responder e terminar o que precisa ser feito, estreito os olhos e pergunto:

– Por que ele fez isso?

Louise abre a boca e fecha diversas vezes, como se não soubesse precisamente como responder à pergunta. Seus olhos piscam algumas vezes antes que ela consiga falar outra vez.

– Ele está... Dylan está da mesma forma de quando o encontramos naquele chão. Ele não fala nada e muito menos dá sinais que está escutando. E meu pai pensou que havia um demônio dentro dele.

Inclino meu rosto e estudo o humano. Ele está murmurando palavras em latim e berrando como se estivesse sentindo muita dor. Seus cabelos claros estão úmidos e grudados no seu rosto suado.

– Bem, pelo menos agora ele está falando. – Repuxo os lábios, mas sua expressão se fecha ainda mais.

– Não faça piadinhas agora, ou prometo que encontro um jeito de matar você.

– Gostaria de vê-la tentar, Meu Anjo.

Ela cerra os punhos, dilatando as narinas.

– Eu vou te matar, seu maldito...

Antes que ela termine, avanço sobre seu corpo e prendo seus braços com minhas mãos. Louise parece hesitar com o movimento, porque engole saliva tentando se afastar.

– Espero que cumpra suas promessas, minha Louise. Porque eu cumpro as minhas. – A forma como seu olhar se intercala sobre meus olhos e meus lábios me faz contrair todos os meus músculos. – E se me lembro bem, prometi que explodiria sua mente se me ameaçasse de novo. Então eu espero que realmente me mate, porque se não fizer isso, eu a mato primeiro. E de uma forma que você iria gritar tão alto que até o próprio inferno iria escutar.

Dou ênfase ao meu aviso repuxando os fios da sua mente. Louise segura o ar no mesmo momento em que eu me aproximo do seu ouvido.

– E só para deixar claro – acrescento, soprando meu hálito sobre o lóbulo da sua orelha, e envio rapidamente um fleche de imagem à sua mente, ressaltando ainda mais minhas palavras. – A morte de que eu estou falando ainda te deixaria viva no dia seguinte.