Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 36 - A morte é a chave da vida

Devil

– O que ela disse a você, Louise? – pergunto a ela, no momento em que botamos os pés na Casa do Fogo.

Scarlett falou algo, eu sei. Louise queria matá-la minutos atrás. E não um desejo superficial ou como as vezes que desejava minha morte, mas um sentimento sólido. Eu consegui sentir o ar frio emanando do seu corpo, o ódio pulsando nas suas veias. A forma como ela conseguiu se desviar de mim e ir em direção a Scarlett não foi humana. Louise tinha a intenção de acabar com uma vida naquele momento, embora soubesse que não tinha a menor chance contra Scarlett e seu poder mental.

Ergo seu rosto e estudo seus olhos, agora em um tom mais escuro.

– O que ela falou, Meu Anjo? – insisto, tentando usar minhas chamas para aquecer sua pele fria.

Nem consigo considerar sua possível proposta maluca de querer o inferno, porque a raiva nos olhos de Louise é o que mais me inquieta nesse momento. A única coisa que me interessa agora é saber o que Scarlett disse a ela para deixá-la tão enfurecida.

Ela não me responde, no entanto, apenas tenta se afastar de mim, furiosa.

Mas que porra aquela filha da puta disse?

– Louise. – O modo firme como eu chamo, a faz contornar o corpo e me encarar. – Eu fiz uma pergunta.

– E eu não quero responder se não percebeu – ela rosna, dando as costas a mim, mas se interrompe quando eu disparo na sua direção, agarrando seus braços e a imprensando contra a parede

– Meu Anjo, em que momento da história eu deixei você pensar que pode dizer um não a mim?

E isso só a faz ficar ainda mais possessa de raiva. Ela bufa, arremessando a primeira coisa que encontra pela frente na minha direção, como no dia em que eu a trouxe para o inferno contra sua vontade.

– Eu te odeio, seu diabo maldito. – Louise cospe no meu rosto, e eu irrompo em chamas.

No entanto, diferente de quando aconteceu no colégio em que estudava, nada pega fogo. E nem sei como estou conseguindo controlar meu próprio poder com esses olhos dilatados prestes a me assassinar.

– Me solte agora! – ela ordena, sua voz ressoando sobre as quatro paredes da sala tão alto que qualquer pessoa da casa é capaz de escutar.

– O que ela falou?

– Já não deveria saber? Você é o diabo. Não deveria saber que ela estava por trás de tudo o que me fez chegar até aqui?

Estreito meus olhos, os seus nunca perdendo o ar de revolta e fúria.

– Do que está falando, Louise?

– Ela trouxe Dylan para o inferno! Foi ela que fez tudo isso, torturou e mexeu com a cabeça do meu amigo.

O quê?

Talvez vendo a confusão do meu rosto, ela acalma a respiração e conta:

– Foi isso que ela falou na minha mente. – Louise engole em seco, os lábios entreabertos, como se quisesse dizer mais algo.

– Ela trouxe seu amigo para o inferno? Pensei que tivesse sido... Ah, droga. A Tríade está com ela.

É óbvio que foi Scarlett. Certamente fazia parte do plano dela trazer Louise para o Hell, e usou o humano para isso. Mas por quê? Como ela ao menos considera que Louise me faria ceder o inferno?

Ainda segurando seus braços contra a parede, pisco uma vez.

– Acha que eu já sabia, né? Que Scarlett trouxe seu amigo para o inferno.