Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)

Capítulo 15 - Você fez isso

Louise

– Está pronta, minha filha? – ouço meu pai perguntar, atrás da porta do meu quarto.

Hoje é a minha formatura, e eu estou tentando manter as coisas o mais... não-deprimentes possíveis. Nem sei se isso existe.

Nunca fui uma super fã da ideia de estar em lugar cheio de alunos para somente receber um diploma, mas minha irmã sempre tentava me animar, porque era um dos maiores sonhos dela.

No entanto, ela não está comigo hoje para espalhar sua alegria nesse dia terrivelmente deprimente.

– Estou quase – respondo, por fim, cautelosa. Porque se tem alguém que pode deixar as coisas mais tristes, por falar ou fazer algo errado, com certeza sou eu.

Termino de arrumar meus cabelos e visto o traje de cerimônia. Ponho apenas rímel dos meus cílios e gloss nos lábios. Olho no espelho, espiando minhas sardas ao redor das minhas bochechas e nariz, pensando se devo cobri-las.

Mia diria que sou bonita assim, mas depois pegaria seu corretivo e cobriria tudo.

Sorrio sozinha, lembrando das suas frases motivacionais.

Faz meses que ela se foi, mas a saudade é a mesma todos os dias quando me lembro dela.

– Filha, vamos nos atrasar – meu pai murmura outra vez, e respiro fundo, tomando coragem.

– Estou descendo.

Jogo as maquiagens que usei na gaveta e limpo uma lágrima no canto do meu olho antes de abrir a porta e descer as escadas.

– Está linda, Louise – ele elogia, com o sorriso orgulhoso no rosto, quase querendo chorar. – Eu tenho muito orgulho de você. Temos passado pouco tempo juntos, mas eu só... queria que soubesse. Eu não só estou orgulhoso de você por estar saindo do colegial, mas eu tenho orgulho da minha filha, da mulher que está se tornando. E eu fico muito, muito feliz de saber que fiz parte disso. Sei que ela também estaria.

Sorrio, triste, tentando não desabar nesse momento.

– Obrigada – a única coisa que consegue sair da minha garganta parcialmente fechada.

Ele também sorri, melancólico, e me abraça.

– Sua mãe também – ele murmura, e eu pisco, surpresa. Ele raramente fala sobre ela. – Sei que ela está feliz com sua irmã nesse momento por ver você seguindo em frente. Por nos vê seguir em frente.

Dificilmente eu chamaria o que ele está fazendo de seguir em frente, mas tudo bem. Cada um enfrenta o luto do seu jeito.

Apenas aperto seu ombro em resposta.

Então seguimos para a escola. Ele me diz que precisa falar com alguns amigos e segue até um grupo de pessoas que eu nunca vi na vida. Devem ser da igreja que ele frequenta. Talvez. Não conheço nenhum deles.

Inspiro firme, me sentando no assento.

Só mais algumas horas, Louise.

Sinto algo tocar meu braço e quando olho por cima do ombro, arregalo os olhos.

Dylan.

Há dias não falo com ele. O motivo? Bem, além do fato óbvio que foi o nosso beijo, que eu culpo totalmente a mim, também tem a ameaça do homem-demônio. A ameaça que, particularmente, venho tentando afirmar para mim mesma que preciso impedir de se tornar realidade.

Não, eu não posso permitir que ele machuque Dylan.

– Louise, eu posso falar com você?

Enrijeço, não somente pelo seu toque, mas também por seu olhar sério.