Capítulo 36

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Hande despertou lentamente, sem perceber que Kerem já não estava deitado ao seu lado. Ela bocejou, ainda sentindo cansaço, e ergueu o tronco, na esperança de ter forças para levantar, mas voltou a deitar-se na cama por causa de uma vertigem súbita. Ela fechou os olhos na tentativa de espantar aquela sensação estranha, mas, abrindo-os, viu todo cômodo girar.

— Bom dia, meu amor! — A voz de Kerem inundou todo ambiente. Ela sorriu, ainda de olhos fechados, fingindo estar bem — Acordou tarde hoje, hein? Já são 10 horas.

— Estou com um pouco de preguiça.

— Não vi seu celular hoje.

— Ele acabou caindo ontem, quando eu estava no meu apartamento.

— Estou indo para a academia, tudo bem?

— Sim, tudo bem — Ainda sorrindo, ele se aproximou dela, beijando-a — Eu te amo! — Ela sussurrou.

— E eu ainda mais! — Ele depositou um beijo sobre a ponta do nariz de Hande, afastando-se logo depois.

Ela sentou-se na cama depois de ouvir a porta da saída bater, e colocou as mãos sobre o rosto.

Mas que sensação é essa?

Pensou.

Ela levantou devagar e caminhou lentamente até o banheiro. Quando se olhou no espelho, viu o quanto parecia estar pálida.

— Precisa dar um jeito de tirar Daniel da sua vida, Hande — Falou para si mesma — Ele está te adoecendo.

Ela abraçou o próprio corpo ao ouvir a porta se abrir outra vez. Não parecia ser Kerem. Ele sempre avisava que tinha chegado aos gritos, e só havia o silêncio. Ela engoliu em seco ao sentir a tensão aumentar. As lágrimas começaram a inundar seus olhos ao lembrar das ameaças de Daniel. Hande começou a apresentar sinais de uma crise de pânico. O suor começara a escorrer sobre sua testa. Seus batimentos cardíacos aceleraram, bem como sua respiração.
Os passos estavam cada vez mais próximos. Ela sentou no vaso sanitário, repetindo várias vezes "não, não, não", torcendo para que o misto de sensações evaporacem, até que a porta se abriu abruptamente. Ela não ergueu o olhar, pelo contrário, colocou as mãos sobre as orelhas e fechou os olhos. As lágrimas que ela tentara segurar em vão, caíram compulsivamente ao sentir um toque gélido sobre seu ombro, até ouvir a voz de Léo. Ela levantou o olhar com certo receio, e começou a chorar ao vê-lo. Um choro que transparecia toda sua angústia e alívio. Léo arqueou a sobrancelha, sem entender sua reação.

— Ei, o que foi? — Ele se ajoelhou, um pouco constrangido, por vê-la apenas enrolada num lençol — Kerem me pediu para vir buscar as luvas de boxe, aproveitei para falar com você.

— Eu... — Ela não conseguia ao menos formular a frase — Achei... Eu achei que era o Daniel — Gaguejou. Ela respirou fundo, enxugando o rosto com o dorso da mão.

— Calma, não é ele. É o Léo, lembra? — Estranhou vê-la mais branca que o normal — Você teve uma crise de pânico — Disse, ajudando-a a levantar.

— Eu estou com tanto medo.

— Vou ligar para Melo, para que ela fique com você. Pode ser? — Assentiu — Estarei na sala. Tome um banho e se vista — Ele saiu, deixando-a sozinha.

Hande tirou o lençol suado do corpo e ligou o chuveiro. Seu corpo tremia involuntariamente. Mas não de frio.

— E então? Se sente melhor? — Léo levantou ao vê-la se aproximar.

— Nada que um bom banho não resolva.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora