Capítulo 41

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Hande foi acordando gradativamente. Conforme seus olhos abriam, ela percebia que não estava em um lugar conhecido. O colchão que estava por baixo de seu corpo, era sujo e não tinha lençol. Haviam algumas latas de tinta pelo chão, e muita poeira. Seus olhos lacrimejaram e ela sentiu uma vontade absurda de espirrar, até que percebeu que sua boca estava amordaçada. Seus pés estavam amarrados, assim como suas mãos. Tentou se debater na tentativa de algum milagre acontecer, mas de nada adiantou.

Eu preciso sair daqui. Não só por mim...

Pensou, ao olhar para sua barriga.

Foi então que ela escutou passos. Seu coração palpitou e ela desejou em seu íntimo que fosse Kerem, Anil, até seu próprio pai. Mas a porta aberta revelou o olhar sombrio de Engin. Ele sorriu ao vê-la acordada.

— Olá — Sentou em sua frente, fitando-a — Está bem acomodada? — Hande não conseguiu ao menos emitir sons incompreensíveis — Faz muito tempo que venho te observando, senhora. E nem acredito que você está aqui, finalmente. Mas não precisa ficar com medo. Apesar de ser muito bonita e desejável, eu só estou interessado no dinheiro. Seu avô ingrato me paga uma miséria, e eu quero uma quantia altíssima pra poder sair do país — Andou até ela, arrancando a fita de seus lábios sem cuidado algum.

Lágrimas escorregam por seu rosto.

— Sei que está grávida.

— P-por favor, Engin... Não faça nada comigo, com ele...

— Que nada! — Sorriu, dando de ombros — Se perder esse aí, faz outro depois — Tirou o celular do bolso da calça e bateu uma foto dela — Vamos ver quanto é o seu preço. Vou enviar essa foto e quebrar seu celular. Você tem muito dinheiro, pode comprar outro, não pode? — Se abaixou, para ficar mais próximo. Ele deslizou o dedo pelo rosto dela, até chegar em seus lábios — Agora entendo a cisma que seu Daniel tem por tu. É linda demais. Que sorte do idiota do ruivo, não é? Ele não é homem pra você... — Sua voz desceu algumas oitavas — Hande virou o rosto, tentando se desvencilhar daquele toque nojento e grotesco — Caso se sinta só, ou com frio, posso te esquentar e te fazer companhia. Mas por hora, preciso do dinheiro. Volto daqui a pouco — Levanta, indo em direção a porta.

Quando a mesma bate, Hande coloca tudo em seu estômago para fora. Quão asqueroso ele parecia ser. Suas lágrimas não paravam de cair. A sensação de impotência estava deixando-a sem ar.

— A mamãe vai te deixar seguro — Sussurrou — Nem que para isso eu precise matá-lo. Eu vou te proteger.

— Eles são rápidos — Engin disse, enquanto entrava no quartinho — Já estão se virando para me dar o dinheiro — Ele notou que havia vômito no colchão — Por que não me chamou para que eu a tirasse daí? — Ele a pegou no colo, apesar dos protestos, levando-a para o cômodo central daquele galpão.

— Por favor, me solte! Prometo nunca contar que foi você.

— Provavelmente eles já sabem — A colocou no chão, erguendo seus braços para cima, amarrando-os numa corda que está pendurada no teto — Eu não estou preocupado. Sei que Passei muito tempo pensando no meu plano.

— Não seja patético — O olhou feio — Todo crime acaba com fins trágicos.

— Caso eu morra, vou poder me gabar de que beijei os seus lábios — Aproximou-se devagar. Hande virou o rosto várias vezes, começando a chorar. Ele o segurou com ambas as mãos, impedindo-a de mexer a cabeça — Você prefere que eu mate o seu bebê ou que eu te beije? Deixarei escolher.

Seu choro se intensificou, então ela ficou imóvel. Ele depositou um beijo nela, o que lhe causou uma crise de vômito.

Engin olhou para os pés, melados de conteúdo gástrico, e praguejou.

— Sua sorte que estou de bom humor.

— Me solte! — Gritou — Me deixe ir!

— Te deixarei ir, mas antes eu vou me vingar de todos vocês. E ainda sairei com a grana.

— O que te fizemos?

— Quer maior motivo que seu avô me menosprezando? Ou você também? Eu sempre fui um zé ninguém aqui. Acha que vou desperdiçar a chance de me vingar? Até aquele burro do Daniel. Ele me contratou, eu ganhei pouco demais para quem fazia todo o trabalho duro. Ele sempre com aquele ar de superioridade. Não consegue ao menos sequestrar alguém — Balança a cabeça para os lados — Cansei de ser o explorado.

— Você não tem motivos. É só um psicopata.

— Também — Tomba a cabeça para o lado — Eu sempre quis saber como era estar com você. E agora eu tenho essa oportunidade, mas eu meio que não quero — Deu de ombros. — Deixarei você se diverte com os ratos. Volto daqui a pouco.

Quando a porta do galpão foi fechada, ela olhou para cima, e num clamor silenciosou, rogou ao céu para que conseguisse escapar com vida. Com as duas vidas que ela tinha.

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Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora