Capítulo 27

183 21 6
                                    

Bônus Kerem

Sorri ao abraçar Dylan e Léo, meus amigos de infância. Ambos estavam me esperando no apartamento que costumava ficar quando estava na cidade trabalhando.

— Não esperava pelas boas vindas — Joguei a mochila no chão depois de soltá-los — Na verdade, só passei aqui porque Anil me pediu para pegar algumas roupas — Olhei para ele com os olhos semicerrados.

— Eu só fiz o que seus amigos pediram — Levantou as mãos em rendição.

— Cara, você simplesmente sumiu sem aviso prévio. Nós sentimos sua falta.

— Olha só, o Léo virou uma garotinha emocionada — Dylan apertou as bochechas dele, zombando.

Dylan era piloto, e um dos melhores, diga-se se passagem. Mas chegou a frequentar o teatro comigo. Léo era médico. Ambos eram totalmente diferentes. Enquanto Léo era mais reservado, carinhoso e tímido, Dylan conseguia ser a pessoa mais extrovertida que já conheci na vida.

Olhei para eles, enquanto trocavam farpas, e sorri.

Quanta saudade!

Eles eram meus irmãos de outra mãe. Faziam parte da minha família, mesmo não compartilhando do mesmo material genético.

Léo era alto, um pouco mais magro que nós dois, tinha olhos claros e um cabelo um pouco cacheado. Usava um óculos devido a miopia. Já Dylan, tornou-se um pouco mais forte que eu, da mesma altura também, moreno, com um belo sorriso. Éramos o Big Three da escola.

— E como você está, cara? Parece que faz séculos que eu não te vejo — Léo concertou o óculos e cruzou os braços — Resolveu suas questões sobre Aly?

— Que saco, vamos falar sobre aquela maluca logo agora? — Revirou os olhos — Faz tempo que não conversamos e vocês querem falar sobre bruxas?

— Gostei de você — Anil sorriu sem exibir os dentes — A noite dos garotos antes da premiação merece um assunto menos "blé".

— Eu concordo — Dylan levantou e tirou o celular do bolso — Vou pedir pizza, porque hoje temos um motivo para sair da dieta — Ele colocou a mão sobre meu ombro, apertando-o — O The B. está de volta — Eu sorri, agradecido.

— Vou no meu quarto só trocar de roupa e retorno — Eles concordaram.

Eu andei pelo corredor tentando desassociar as memórias que vivi com Aly daquele lugar. Foram tantas boas, mas as ruins conseguiam se sobrepor. Lembro-me como se fosse ontem, de tê-la encontrado com seu antigo empresário, no meu quarto, na minha cama...

Como aquilo doeu.

Depois desse dia, depois de tanta exaustão psicológica, minha única alternativa foi fugir. Eu precisava respirar. Precisava cuidar de mim, e com o apoio de Maya, foi exatamente o que eu fiz.

Mas, da mesma forma que foi bom me afastar, foi horrível não conviver com meus amigos, com a minha família. Abandonar tudo e viver uma vida pacata no interior me custou dias de conflitos internos.

E quando finalmente consegui me adaptar, quando eu consegui me livrar de todas as lembranças dolorosas, ela entrou na minha vida. Não temos nada sério, nada explícito, mas Hande tem curado minhas memórias. Ela tem sido a razão pela qual acho que valha a pena voltar pra tudo isso. Para todo esse caos.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora