Capítulo 32

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— Eu me recuso a falar sem a presença do meu advogado!

— Com ou sem, você vai falar — Anil ficou de pé, colocando as mãos sobre a mesa. Kerem permanecia parado ao seu lado, com os braços cruzados e a expressão fechada — Quem foi que mandou sequestrar a minha irmã? — Gritei.

— Não adianta, eu não vou falar — Ele se jogou sobre a cadeira e os olhou com o queixo erguido — Eu prefiro morrer.

— Cuidado com o que deseja... — Sussurrou de forma ameaçadora. Kerem colocou a mão sobre o ombro de Anil, advertindo-o através do gesto.

— Vamos fazer um acordo, tudo bem? — Dean, um dos sequestradores, arqueou a sobrancelha — Você coopera, e pagamos as despesas aqui. Vai ser melhor, acredite — Kerem garantiu.

Ele pareceu pensar.

— Você espancou o meu parceiro, como posso confiar em você?

— Se você tivesse visto sua irmã e sua namorada na situação que elas estavam, você não faria o mesmo? — Ele maneou a cabeça — Podemos contar com sua cooperação?

— Antes, eu preciso conversar com meu advogado.

— Certo. Voltaremos em breve.

Anil o fuzilou com o olhar enquanto se afastava. Ambos saíram da delegacia com a sensação de impotência.

— Eu acho que não vamos conseguir nada.

— Tenha fé. Eu acredito que ele seja melhor que o outro, que não abriu a boca nem para se desculpar.

— E o advogado? Já sabe quem é?

— Adivinha? Daniel foi cliente dele no passado, mas eu... — Antes de completar a frase, Kerem sentiu seu mundo parar.

Não havia sentido no que estava acontecendo, ele não estava esperando. De repente, todo o barulho dos carros, as vozes das pessoas que andavam de um lado para o outro, estava diminuindo. Ele viu Anil abrir a boca, formando um "O", e em meio ao desespero, tentar segurá-lo, mas não houve tempo. Tudo foi rápido, como um flash. Kerem colocou a mão sobre a barriga, depois de sentir suas costas tocarem o chão. Ele levantou a mão e franziu a testa ao notar a cor avermelhada.

— Kerem! — Anil gritou, tentando tirá-lo do transe — Alguém chama uma ambulância! — Ele gritou para a multidão que os cercavam.

A polícia correu em direção ao carro que se afastava, levando consigo o homem mascarado que efetuou os disparos.

— Anil... — Disse com dificuldade — Anil, eu... Está tudo ficando escuro, está doendo... — Ele se agarrou a camisa do cunhado, que estava manchada de sangue.

Anil tremia, enquanto apertava-o com medo de presenciar sua morte.

— Chamamos a ambulância, moço — Uma senhora gentil tocou em se seu ombro.

Ele a olhou com os olhos esbugalhados, enquanto tremia.

Não demorou para que a ambulância chegasse. A sirene deixou Anil em alerta, causando-lhe uma dor de cabeça desencadeada por conta dos gatilhos acionados. Ele começou a chorar compulsivamente, enquanto pedia para que os socorristas o salvasse.

— Se acalme, precisamos que você se acalme — A enfermeira tentou confortá-lo — Imagino que vocês sejam amigos ou tenham parentesco, não é? — Ele assentiu sem assimilar as perguntas — Preciso que venha conosco, tudo bem?

— Eu, eu... eu vou de carro, eu...

— Não, você virá conosco. Entre — Ele obedeceu.

Anil se sentou ao lado de Kerem, no canto, e observou os profissionais fazendo seu trabalho. Ele sentiu o peso do mundo sobre seus ombros outra vez.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora