Capítulo 10

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Bônus Hande


Tentei fechar os olhos por mais de uma vez, mas não consegui. Kerem havia me beijado. E eu gostei, muito mais que deveria e gostaria.

— Hande? — Ouvi Melisa me chamar. Eu levantei o olhar e notei que ela estava em pé, ao meu lado — Está acordada faz tempo? Quando fui ao banheiro você estava dormindo. Te acordei?

— Não, eu estava apenas tentando dormir — Tentei sorrir para disfarçar qualquer melancolia.

— Que horas vocês chegaram? Não ouvi barulho.

— Não faz muito tempo — Dei de ombros e desviei o olhar. Ela sentou ao meu lado, no colchão, e me fitou — O que foi?

— Eu te conheço bem. Não vai me dizer o que houve?

— Eu não sei se é uma boa idéia.

— Por que não?

— Você é um pouco escandalosa — Fiz uma careta ao pensar nos gritos que ela soltaria até mesmo sem querer — E eu não quero que o Globo terrestre saiba o que aconteceu.

— Eu não vou fazer nada — Ela pareceu ofendida.

Olhei para Melo e, depois de garantir que ela estava no mais profundo sono, levantei e sentei ao lado de Melisa. Eu coloquei minha mão sobre sua boca e pedi silêncio. Ela revirou os olhos.

— Eu... — Melis ao menos piscava. Sua expressão de curiosidade me fez sorrir — Eu e Kerem nos beijamos — Foi dito e certo. Melisa esbugalhou os olhos e começou a gritar. Por sorte, a minha mão abafou o som.

Olhei para Melo, que ainda dormia, e agradeci mentalmente.

— Eu te disse. Você é escandalosa.

Desculpa — O som da sua voz saiu abafada. Eu me afastei dela, deixando-a falar — Como isso aconteceu? Por que aconteceu? Minha nossa! Ele tem cara que beija bem. Ele beija bem?

— Uma pergunta de cada vez, pode ser?

— Tudo bem — Ela suspirou — Ele beija bem? 

— Sim, ele beija muito bem — Sorri ao lembrar-me do quanto ele realmente beijava bem.

— E por que ele te beijou?

— A ex dele nos descobriu e armou para nós. Alguns paparazzi nos seguiu e então ele teve a idéia de me beijar.

— NÃO ACREDI... — Coloquei as mãos sobre a boca dela outra vez.

— Xiu! — A fuzilei com o olhar. Me afastei quando notei os ombros dela murchando.

— Você sabe que isso foi uma desculpa  dele, não sabe?

— Eu não sei... Pareceu convincente.

— Já conversaram depois disso?

— Não. Eu estou com vergonha.

— Que vergonha o que, agarra esse boy!

— Melisa!

— Ele é gato, legal e tá caidinho por você.

— Não exagere.

— Amiga, falando sério agora, converse com ele. Sei que está tudo muito recente, mas acho que vocês dois merecem um belo recomeço, não é? Quem sabe não é a vida dando um empurrãozinho?

— Não sei não...

— Não precisam se casar amanhã, mas quem sabe se conhecerem melhor. Que tal?

— Eu não sei.

— Vamos dormir e depois vocês conversam, ok? — Assenti.

Me deitei e fitei o teto. O que será que ele quis me dizer? Será que existe qualquer sentimento por mim, que eu não saiba? E se houver, como lidaremos com isso?

Suspirei e abracei meu travesseiro. Quando mais pensava, mais difícil era decidir o que fazer.

No café da manhã ele pareceu distante, então, a parte adulta que existe em mim decidiu falar com ele. Não dava mais para agir feito criança, então eu juntei toda coragem que havia dentro de mim e fui até ele.

— Posso falar contigo? — Disse após abrir a porta.

Ele assentiu. O vi colocar as roupas na mala para depois sentar na beira da cama. Eu puxei a cadeira e sentei na frente dele. Kerem não parecia mais aquele cara espontâneo, e isso me incomodou. Parecia que havia entre nós um pedido de casamento.

— Então...?

— Somos atores, certo? — Ele assentiu — E nós sempre fazemos isso. Sempre nos envolvemos fisicamente com alguém sem haver qualquer sentimento, a não ser afeto — Esperei alguma reação, mas ele só continuou me encarando — Então, por que estamos nos evitando? Somos amigos, e nos beijamos para escapar dos fotógrafos.

Eu notei que ele pareceu decepcionado, então tentei corrigir qualquer que seja o erro que cometi, mas ele não permitiu.

— Você tem razão, me desculpe. Eu só fiquei com medo de você entender tudo errado e, não sei... — Não devia, mas doeu — Se confundir — Franzi a testa e assenti.


— Não, está tudo bem — Sorri — Somos amigos, certo? — Estendi a mão.

Ele pareceu congelar por alguns segundos.

— Somos amigos — Apertou minha mão.

— Vou terminar de arrumar a minha mala — Levantei rapidamente — Desculpe te interromper — Ele assentiu.

Eu queria correr para longe, o mais rápido possível. Eu não queria ficar perto. O que houve? Nossa amizade acabou? O que eu fiz ao permitir e corresponder? Eu queria dizer que eu gostei, mas talvez tenha me enganado. Acho que realmente somos somente amigos.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora