Capítulo 2

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Hande sentiu incômodo, mesmo de olhos fechados, por conta do sol. Ela suspirou ao se dar conta que já era de manhã e tateou o colchão em busca do celular, que estava com 15% de bateria.

07:05 da manhã.

— Hande, acorde! — Burak gritou do outro lado da porta. — Precisamos ir a cidade. — Ela conseguiu ouvir os passos se distanciando.

Mesmo contragosto, levantou-se rapidamente e foi até o banheiro, que era mais simples do que ela estava acostumada, mas extremamente confortável. Seus pertences para higiene já estavam organizados e sua toalha prontamente posicionada para o uso. Hande se despiu depois de escovar os dentes e ligou o chuveiro. A água caiu devagar e quentinha, fazendo-a suspirar lentamente, conforme caía sobre seu corpo. Apesar de não ser possível, ela desejou em seu íntimo que as lembranças, a culpa, os sentimentos que estavam atormentando-a fossem levados com a água.

Terminando de se banhar, preferiu vestir um short jeans, uma camisa branca e escolheu um tênis simples, da cor branca. Depois de seco, ela finalizou o cabelo com cachos nas pontas e passou um pouco de maquiagem, só para que seu rosto voltasse a parecer saudável. Aprovando sua aparência, Hande saiu do quarto e seguiu pelo corredor.

As fotos de sua mãe estavam penduradas em toda parte. Haviam várias dela. Sorrindo, andando, brincando no rio. Mas uma lhe chamou atenção e a fez parar de andar. Ela estendeu a mão e sentiu o nó se formar na garganta. Sua mãe grávida — dela, já que Anil estava do lado, abraçando a genitora — sorrindo. A saudade veio com toda força e ela se permitiu derramar algumas lágrimas. Quanta falta fazia a sua mãe. Ela não conseguia entender como estava suportando estar de pé mesmo sentindo a dor da perda. Ela enxugou as lágrimas e seguiu. Seu corpo obedecia seus comandos sem lhe dar espaço para pensar. Sua sanidade mental parecia estar se deteriorando pouco a pouco.

— Bom dia, senhora Hande! — Ela se assustou com a súbita aproximação da mulher. Era uma senhora com sorriso gentil, de cabelos brancos e corpo pequeno. — Como está?

— Bem. — Sorriu. — A senhora é...?

— Ayfer, sou como a governanta da casa.

— Muito prazer. — Ergueu a mão. Ayfer sorriu e a puxou para um abraço.

— Você parece a sua mãe. — Hande esbugalhou os olhos. Era difícil escutar tal comentário, já que todos evitavam falar para não fazê-la chorar. — Nora ficaria feliz de vê-la tão bonita e adulta.  Venha comer alguma coisa.

— Obrigada.

Depois de alguns minutos, uma voz grossa foi ouvida por elas.

— Onde está essa menina? — Burak surgiu, puxando um cachorro pela coleira. — Aí está você! Vamos? Precisamos comprar algumas coisas na cidade. — Ela assentiu. — Ayfer, cuide de tudo.

Hande andou em silêncio ao lado do avó, observando tudo e todos. Era um lugar gigantesco, cheio de vida, pessoas e animais. Hande sentiu que um par de olhos intensos e severos estava sobre ela, então resolveu confirmar. Havia um homem, não tão velho e nem tão novo, aparentando ter pelo menos 35 anos que não parava de encará-la. Ele a fez sentir o estômago embrulhar quando começou a se aproximar.

— Burak, como está? — Olhou rapidamente para ela, antes de se dirigir ao seu avô. — Soube que está pensando em vender alguns porcos.

— Sim, mas estou avaliando a possibilidade.

— Eu espero que não faça, precisamos de todos os animais em perfeita forma para a competição.

— Ainda estou pensando. — Ignorou o conselho. — Hande, esse é Engin. Ele é um amigo e trabalha aqui. — Ela o ignorou.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora