Capítulo 14

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Anil colocou as mãos na cintura ao fitar Hande, acompanhada por Kerem. Ambos sorriam enquanto compartilhavam segredinhos. Ela direcionou o olhar para o irmão e correu para abraçá-lo.

— Me desculpe pela demora, eu perdi a noção do tempo — Se justificou — Espero que você consiga ao menos descansar um tempinho.

— Não se preocupe comigo, o importante é que você tem se divertido — Anil olhou para Kerem, grato pelo suporte emocional que o mesmo proporcionara a sua irmã — Eu preciso dormir só uns minutinhos e estarei pronto para a guerra.

— Que tal irmos para o carro? O clima está frio, é melhor que sentar numa dessas cadeiras duras.

— Boa idéia — Afastou-se de Hande, colocando as duas mãos sobre seus ombros — Ele logo logo receberá alta, então não ouse ficar triste, ok? — Ela assentiu — Estarei no estacionamento com Kerem, qualquer coisa pode me ligar ou me mandar mensagem, estamos entendidos?

— Sim senhor — Ela sorriu. Hande acenou para Kerem e entrou no elevador.

— Confesso que eu não achei que ela estaria tão bem depois do susto — Kerem sentiu o coração pesar ao ver os ombros de Anil caírem — Estou tão preocupado com ela.

Eles foram em direção ao estacionamento.

— Hande é uma mulher forte, não precisa se preocupar.

— Ela quase tirou a própria vida, Kerem. A morte da nossa mãe foi demais para ela! — Aquelas palavras deixaram o clima extremamente pesado. Anil entrou no carro, sentou-se no banco e suspirou profundamente — O meu avô precisa ficar bem, por ela.

— Ele ficará, eles são fortes demais.

— Obrigado pelo apoio, de verdade.

— Não me agradeça.

— Bem, preciso conversar com você sobre algo — Pigarreou. Kerem ajeitou a postura e o fitou sério — Eu tenho notado certa aproximação entre você e Hande, e devo dizer que é algo que me preocupa. Sei que a sua fama de bom rapaz o precede, mas ela é minha irmã... — Falou com cautela, para não ofendê-lo.

— E você está absolutamente certo — Coçou a nuca e o olhou envergonhado — Bom, Maya já deve ter comentado sobre o beijo que acabou acontecendo entre nós...

— Foi um beijo mesmo? — Arqueou a sobrancelha — Ela me disse por alto que parecia estar rolando alguma coisa.

— Não está rolando nada — Falou rapidamente — Somos somente amigos. A única coisa que eu quero é ajudá-la.

— Então, suas intenções são boas? — Kerem assentiu — Depois de Daniel eu não confio muito em quem se aproxima dela.

— São as melhores. Ela é uma mulher extraordinária.

— Então, para ser justo, devo perguntar, você já percebeu algo entre mim e sua irmã?

— Claro, eu não sou garoto — Sorriu sem exibir os dentes — Maya não é de ficar pendurada no celular, principalmente quando está na fazenda. E ela tem ficado muito com você no hospital.

— Você tem ficado muito com Hande — Arqueou a sobrancelha em desafio.

— Eu sei — Levantou as mãos em rendição.

— Bom, somos homens, e homens resolvem as coisas com clareza.

— A propósito — Lembrou-se de Engin — Eu não confio muito no Engin.

— Aquele cara é um conquistador barato — Revirou os olhos — Só o suporto por causa do vô — Kerem assentiu.

Depois de um tempo conversando, Anil inclinou o bando do carro para trás, e fechou os olhos. Não demorou muito para que ele dormisse.
Começou a chover e Kerem fechou as janelas. Ele estava mexendo no celular quando um homem andando em direção a entrada do hospital chamou sua atenção.

— Eu já vi esse cara antes... — Continuou encarando-o por alguns segundos.

Ele deu de ombros e continuou vendo vídeos no Instagram. Ele estava distraído, quando a foto de Hande apareceu na tela do celular de Anil. Por educação ele preferiu não atender e muito menos acordar o amigo, mas o som das notificações seguidas o incomodou.

Kerem saiu do carro depois de colocar o capuz sobre a cabeça, por conta da chuva forte, e correu para o hospital. Ele sorriu para a recepcionista e entrou no elevador. No terceiro andar, deu de cara com Hande discutindo com Daniel. Por sorte o corredor estava vazio.

— Me deixa em paz, por favor! — Ela suplicou. Sua voz expressava o quão exausta estava — Você me traiu! Não pense que voltarei pra você depois de tudo que me fez.

— Você não pode simplesmente desistir de nós! — Ele a segurou pelo braço.

— Ela tanto pode como deve — Kerem o puxou pela camisa, afastando-o de Hande — Eu não disse para deixá-la em paz? — Aproximou-se dele — Você quer outro soco?

— Quem você pensa que é?

— Por que você não deixa a mulher em paz, hein? Quer que eu chame Anil? Ele ainda torce pra quebrar o teu nariz! — Aumentou o tom de voz. Hande segurou Kerem pelo braço, para tentar afastá-lo do ex namorado.

— Kerem, deixa pra lá, não vale a pena — Continuou puxando-o.

— Eu ainda não vou desistir! — Foi a última coisa que ele disse, antes de dar as costas e sumir no final do corredor.

— Esse cara é um completo babaca!

— Sim, ele é — Ela suspirou — Onde está Anil? Eu achei que ele iria me atender.

— Seu irmão apagou, fiquei com pena de chamá-lo — Ele a encarou minuciosamente — Tá bem?

— Cansada — Tentou sorrir.

— Vai dizer que já esqueceu do nosso passeio, hein? — Ela o olhou e sorriu — Sou tão pouca coisa assim? — Hande levantou os braços e o agarrou, abraçando-o com força.

— Se eu pudesse te descrever com uma palavra, seria algodão doce — Ele sorriu — É doce e traz felicidade.

— E se eu pudesse te descrever com uma palavra, seria constelação. Eu passaria a noite toda te olhando, contemplando a sua beleza — Continuou abraçado com ela — Ele não vai mais te importunar, eu prometo — Se afastou para beijá-la na testa — Eu estou aqui — Kerem fitou os olhos dela com intensidade.

Ambos se afastaram ao notar a aproximação de Anil.

— Por que não me acordou? Me assustei quando não te vi.

— Eu vim conferir se ela estava bem.

— Entendi — Semicerrou os olhos.

— Está com ciúme? — Kerem espremeu os lábios contendo o riso.

— Eu? Até parece! — Revirou os olhos — Vovô foi liberado. Podemos levá-lo pra casa.

— Você ficará conosco?

— Meu bem, eu preciso voltar.

— Ah, que isso? Volta depois do festival, vai ser legal.

— É Anil, por favor.

— Tudo bem, tudo bem — Sorriu — O que não faço por você? — Ele abraçou Hande e agradeceu a Kerem ao olhá-lo.

Ele viu Daniel de longe depois de ter lido as mensagens da irmã. Com certeza ter Kerem por perto estava sendo algo legal para ele.

Quando duas vidas se encontram Onde histórias criam vida. Descubra agora