Capítulo 38

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Aaron Müller




—— Amor? —— Chamo o meu namorado mas ele estava tão vago que mal me ouviu e apenas olhava para o espelho a sua frente. Ele mordeu os lábios os fazendo sangrar, isso me preocupa um pouco, ele anda assim desde que aquele homem veio há dias —— Estás sangrando —— Seguro os seus ombros para desperta-lo e felizmente funcionou por que os seus olhos se viraram para o meu reflexo no espelho e depois para os seus lábios com cortes leves.







—— Não estou conseguindo controlar, desculpa —— Disse limpando o líquido vermelho carmesim dos seus lábios marron, beijo a sua bochecha —— Quer conversar? —— Ele inclinou-se descansando a cabeça no meu ombro —— Ando cansando só isso. A mãe já voltou do mercado? —— A minha sogra saiu faz um tempo para fazer o rancho, segundo ela o meu namorado precisa se alimentar melhor agora que está esperando um bebé.






—— Ainda não. Gostou? —— Pergunto quando ergueu a mão para tocar o meu queixo, tinha um pouco de barba crescendo —— Te dá um ar de mais velho e maduro —— Disse subindo para as minhas madeixas negras que havia crescido bastante e agora cobriam as minhas orelhas —— Sei que adoras —— Sorriu do meu comentário, o meu peito ficou quentinho ao ver aquele sorriso lindo refletindo no espelho. Leva as minhas mãos até a sua barriga —— Quanto tempo demora para começar a aparecer? —— Pergunto alisando-a.








—— Depende de cada pessoa, as vezes começa a aparecer aos três ou cinco meses mas estou ansioso por tocá-la ou senti-lo se mexendo —— Escuto em silêncio, eu amo quando ele se abre para falar sobre essas coisas comigo mesmo sentindo que tem algo que ele não quer me contar —— Amor, quer sair um pouco? Tenho uma coisa para te mostrar —— Encarou o meu reflexo com curiosidade nos seus olhos castanhos mas assentiu —— Onde vamos? —— O ânimo na sua voz embora pouco me agradou bastante.









—— É segredo. E leva um pouco de roupa vamos passar a noite lá —— Estreitou os olhos com a minha fala —— Para quê tanto mistério? —— Virou-se pra mim mas eu fechei um zíper invisível na minha boca. Revirou os olhos antes de me dar um beijo —— Eu te amo —— Sussurrou tímido e aquilo me pegou de surpresa, não porque quase nunca diz isso mas por ser a primeira vez que era o primeiro a falar isso para mim. Abraço-o e afundo o meu rosto no seu pescoço —— Eu também te amo —— Digo beijando o seu rosto.












Sigo-o até o nosso quarto, ele estava arrumado algumas coisas que achei exagerado mas não quis dizer nada. Vou até ele e ponho as mãos na sua cintura macia —— Te espero lá em baixo —— O Domingos assentiu concentrado na sua tarefa. Procuro pelo James que anda me evitando desde o dia que descobriu sobre o Hans, eu realmente não quero falar daquele homem mas não tenho muitas opções.







—— Finalmente, Müller! —— Osvalda finge estar surpresa quando me vê para chamar a atenção do meu irmão que estava estudando, ele não desviou os olhos verdes do livro —— James, podemos conversar? —— Peço e obtive um silêncio total como resposta, Val levantou-se —— Eu vou buscar algo para comer —— Disse se afastando de nós. Sento do seu lado porém o James manteve os olhos presos no seu livro de biologia.











—— Eu sinto muito. Não quis esconder a existência dele mas foi a melhor forma que encontrei para te proteger —— Digo sincero e felizmente consegui ganhar a sua atenção —— Me proteger? É sobre o nosso pai que estás falando, porque precisarias me proteger dele? —— A sua voz saiu com amargura diante as minhas palavras e o não culpo, ele não sabe do que o Hans é capaz —— O Hans não é nada do você imagina. Olha, eu sei que não deveria ter mantido segredo e eu me arrependo por isso mas eu sou o teu irmão e te amo, só fiz o que qualquer pessoa sensata faria —— Disse puxando o meu cabelo para me acalmar.









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