Capítulo 47

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Domingos Monteiro


Respiro profundamente antes de encarar o meu reflexo no espelho a minha frente, tentando tranquilizar as minhas mãos trémulas.

Sabe quando você se prepara durante anos e anos para fazer uma coisa mas quando chega a hora você entra em pânico? É exactamente assim que estou me sentindo agora.

Não estou sozinho nesta luta, saber que o o meu pai ainda está por aí me conforta, mas o Aaron está desaparecido e ainda tenho uma vida se formando dentro de mim, isso tudo está sendo demais para mim.

Olho no espero vendo o terno e a gravata totalmente caiam muito bem em mim mas não era o momento certo para pensar nisso no momento.

É hoje que vou fazer o meu melhor para libertar esse país mesmo que o Aaron não esteja aqui comigo, o meu bebê merece nascer num lugar melhor.


—— Está tudo pronto! —— A Yuki diz entrando no meu escritório, ela trajava uma roupa formal que caía muito bem nela.




—— Obrigada, Yuki — Agradeço pego na minha maleta saindo do meu quarto para a sala.

Os passos rápidos de James me despertaram, envolvi o meu cunhado num abraço apertado, ele queria vir comigo mas não posso arriscar que alguma coisa aconteça a ele.


—— Eu vou ficar bem, James. Não se preocupe comigo, tá bom? — Os olhos vermelhos dele me deixaram com um aperto no peito mas eu precisava ser forte terminar a luta que eu comecei, muita gente está contando comigo.


A minha mãe veio tirar o moreno que não estava querendo me soltar por nada neste mundo e ver aquilo partiu o meu coração em mil pedaços.

—— Já está na hora —— Andreas disse chamando a minha atenção. Ele decidiu vir garantir a minha segurança mesmo o seu esposo estando desaparecido e a sua filha precisando dele.


O número de seguranças me assustou quando saí de casa, o carro onde eu entraria era blindado mas considerando os últimos acontecimentos e o facto de Hans me querendo morto faz sentido.

—— A juíza Sitoe aceitou se encontrar com você mas não no lugar combinado por isso tive que aumentar a segurança —— Encaro a Yuki quando escuto o sobrenome que jamais esqueceria.




—— Sitoe? —— Ela tirou uma arma quando entramos no carro, aquilo me assustou, ainda não conseguia se acostumar com ela sendo parte de uma família tão perigosa.





—— É a esposa do falecido primeiro ministro, ela entrou em contacto comigo há alguns dias pedindo para eu levar você até ela hoje —— Levei um susto de morte quando escutei aquele sotaque português vindo do banco do motorista.




—— Cornélio? O que está fazendo? —— Boquiaberto por ele estar ali e a Natsuki e o Andreas não pareceram incomodados com a presença dele.




—— Desculpa por aparecer assim, é um hábito que adquiri por causa do meu trabalho —— Respiro profundamente contando até dez para não surtar e acabei gritando com ele.




—— Eu ouvi que a minha mãe não foi muito simpática contigo quando foram a casa dela. Sinto muito por isso —— O homem disse tranquilamente enquanto dirigia e eu estava como? Incrédulo em Cornélio ser parte da família do Aaron.





—— Aquela mulher é a sua mãe? —— Andreas coçou a nuca fugindo sorrateiramente do meu olhar quando olhei para ele e a Yuki fez a mesma coisa.




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