Capítulo 43

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Domingos Monteiro

—— Como assim recusado? —— Respiro fundo para não surtar com a ela. Estou exactamente há cinco minutos tentando pagar a conta da Erca e a Luísa mas não consigo.

—— Não sei, senhor. Aqui diz que o seu cartão foi bloqueado —— Respondeu receosa mas não a culpo.

—— Amor, deixa que eu pago —— Aaron pediu. Ele sabia que eu não gostava que pagassem as minhas contas mas no momento não tinha escolha se não aceitar.

—— Isso é muito estranho. Eu sempre pago todas as facturas e o meu cartão está em dia —— Digo mordendo o interior da minha boca mas o meu namorado segurou o meu rosto com as suas mãos e olhou firme nos meus olhos.

—— Relaxa, muito estresse não é bom para vocês e nós podemos passar no banco mais tarde —— Assinto seguindo para a saida do hospital.

O caminho de volta para casa foi bem tranquilo mas ainda estava preocupado com o que aconteceu no hospital, tenho a certeza que o White está envolvido nisso, aquele desgraçado não parar até me ter no fundo do poço.

Franzo o cenho quando vejo uma multidão em frente a minha casa, como se estivesse esperando por alguma coisa ou alguém, saio do carro, coisa que me arrependi logo depois pois todos vieram até mim e quase não enxergo nada por causa do flash das câmeras.

—— Há rumores sobre o seu envolvimento na morte do primeiro ministro Sitoe. Confirma? —— Questionou uma das jornalistas que estavam parados em frente a minha casa. Olho para ela confusa, porque eu mandaria matar a pessoa que eu queria que me ajudasse? Ela pensou ou só fez essa pergunta?

—— Tirem todos daqui —— Disse tentando não dar uma resposta que eles certamente iria retorcer e usar contra mim futuramente como sempre fazem. O Aaron mandou os seus homens para afastar a multidão em frente a minha casa.

A minha cabeça estava me matando, primeiro o meu cartão é bloqueado e agora isso? O que eu fiz para merecer isso?

Sinto a minha vista ficando embaçada e Aaron me socorreu antes que caísse para o chão.

—— Filho! —— A minha mãe veio correndo até mim e posso notar a sua angústia e não queria preocupar ninguém mas não dá para ignorar o que está acontecendo.


—— Eu preciso ir no escritório falar com o José. Se as minhas contas estiverem todas bloqueadas, terei que demitir muita gente e eu não quero isso —— A minha mãe fechou a cara quando me escutou e o Aaron me ajudou a sentar.

—— Ao menos uma vez na vida pensa em ti, Domingos! —— Gritou irritada e o Aaron pôs a mão sobre a minha barriga.

—— Ela tem razão, amor. Você precisa se cuidar principalmente agora que o nosso bebê está crescendo —— Disse calma, estou me sentindo um pouco mole e o meu namorado me envolveu num abraço.


—— O que houve? —— James veio correndo até mim, os seus vermelhos vermelhos e inchados mostravam que andou chorando. Afago os seus fios bagunçados.

—— Nada demais, meu bebê. Estava chorando? —— Aaron me olhou para mim pedindo ajuda com o James.

—— Posso passar o dia com você? —— Não tive com dizer não ao fofinho do James e estar com ele talvez me faça pensar menos em tudo.

O meu telemóvel começou a vibrar, eu sabia quem era e provavelmente ele deve estar se fazendo a mesma pergunta que eu, os olhos de James estavam divididos entre o telemóvel na minha mão e a minha atenção.

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