Capítulo 2

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Anastásia

Para muitos ter tudo o que o dinheiro pode comprar é suficiente, mas não para mim. O que eu queria mesmo era ser amada de verdade.

Sou Anastásia Rose Steele, tenho 24 anos e não lembro muito dos meus pais, pois perdi-os em um acidente de carro quando estava com apenas 4 anos. Sei apenas que se chamavam Rosalina e Raymond Steele. Disseram-me que eram um casal amoroso e que a muito custo construíram um império nos dos Estados Unidos em uma cidade chamada Belfair.

Nas poucas lembranças que tenho com os dois pareço feliz, mas o que me deixa intrigada é que nelas aparece um menino um pouco mais velho que eu e ninguém me explica quem ele é. Muitas vezes cheguei a pensar que fosse fruto de minha imaginação, mas as imagens me parecem tão reais que sei que ele deve estar ligado a mim, só não sei como.

Depois da morte dos meus pais passei alguns meses em um orfanato enquanto tentavam encontrar algum parente meu e foi assim que os Williams chegaram na minha vida.

Carla era prima da minha mãe e a única que demonstrou vontade em ficar comigo. Ela era casada com Robert Williams, Bob e tinham uma filha mais velha que eu um ano, Leila.

Carla e Bob me adotaram e ficaram responsavéis pela minha herança até eu ser maior de idade. Nos primeiros anos que morei com eles tudo correu bem e pensei que poderia ser feliz novamente, mas então à medida que ia crescendo, Leila decidiu começar a infernizar a minha vida inventando mentiras e Bob sempre acreditava nela colocando-me de castigo. 

Carla, minha nova mãe nunca fez diferença entre nós duas, ela amava-me da mesma forma que amava Leila, mas sempre senti que com Bob era diferente. Acho que os laços de sangue falavam mais alto no caso dele.

Aprendi a amar os meus novos pais a medida que os anos passavam e fiquei com pena dos dois quando perceberam que Leila havia decidido fazer faculdade em Seattle. Ela foi embora sem sequer se despedir deixando somente uma carta.

Como nunca fomos muito próximas foquei na minha faculdade de Literatura e formei-me.

Tudo estava bem até que cerca de um ano atrás Leila voltou com um homem que dizia ser seu marido, José Rodrigues. Nossos pais, ficaram muito felizes por ela estar de volta e casada, mas eu não gostei do sujeito.

 Ele dava-me arrepios. 

Os dois ficaram hospedados em nossa casa e quanto mais os observava mais certezas tinha que escondiam algo. Andavam sempre com segredos e curiosa decidi investigar e descobri o que não devia. Ao que parece meu cunhado não era somente um advogado como fazia crer a mim e aos meus pais, ele era um bandido também. Ele usava a sua profissão para ajudar alguns dos seus clientes no tráfico de armas e drogas. Pensei que poderia estar a enganar Leila, mas não, ela estava super bem com aquilo desde que o dinheiro nunca lhe faltasse.

Meus pais adotivos começaram a não gostar de algumas atitudes deles e pediram para saírem de nossa casa. Leila sorriu e disse que voltaria mais cedo do que esperávamos e assim foi. Dois dias depois Leila apareceu em casa para me contar que nossos pais sofreram um assalto e que estavam mortos para meu desespero que mais uma vez tinha de lidar com a perda.

Pensei em pegar na minha herança e sair de casa para longe de Leila e José mas não o fiz porque descobri através de uma briga dos dois que ela tinha uma filha a quem tinha abandonado. Sorri ao descobrir que tinha uma sobrinha mesmo que não fosse de sangue e decidi que faria de tudo para a encontrar e dar-lhe o amor que a sua mãe lhe negou.

Comecei a investigar mais a fundo Leila e José e quanto mais investigava mais podres encontrava. Tinha um dossiê pronto com todos os seus delitos para os denunciar a polícia, mas eles descobriram e fizeram de mim prisioneira dentro da minha própria casa. 

Leila confessou que sempre me odiou por ter de dividir comigo os seus pais e começou a maltratar-me fisicamente. Ela e o marido obrigaram-me a assinar uma procuração dando-lhes plenos poderes para mexerem na minha herança e me mantiveram trancada por semanas.

Estava cansada de viver como prisioneira e pensei que as coisas não podiam piorar mas estava enganada. 

Tudo piorou quando Jack Hyde, um dos comparsas do crime de José mostrou interesse em mim e Leila disse que por um bom preço eu seria dele. Fiquei em choque ao escutar aquilo. Tentei fugir mas foi apanhada e a partir daí ela sempre me mantinha dopada.

Um dia acordei grogue e percebi que estava vestida de noiva. Era o dia do meu casamento com um homem que eu odiava e não tinha forças devido as drogas e surras que levei. Pensei que estava perdida quando um anjo apareceu.

Hannah.

Ela havia sido secretária de minha mãe e quando descobriu o que se estava a passar fingiu não ver nada para agora me ajudar sem levantar suspeitas. Ela colocou-me dentro da limusine que deveria me levar até igreja e informou-me que a mesma iria em direção ao aeroporto onde ela tinha alugado um jato para me tirar da cidade.

Meu destino era Seattle, mais precisamente a casa dos Grey. Hannah tinha descoberto a família paterna da minha sobrinha e ajeitado tudo para que eu fosse ao seu encontro. Avisou-me que teria de ir até a propriedade deles de helicóptero e depois saltar de paraquedas para não deixar pistas para Leila.

Cheguei a Seattle ainda grogue devido as drogas e dores que sentia no corpo pelas surras que minha irmã e José me deram. Um amigo de Hannah estava a minha espera e quando entramos no helicóptero deu-me um paraquedas. Tudo ia bem mas na hora de saltar me deu um medo e não conseguia mover-me, o piloto ao ver que eu não tinha reação disse que me daria um leve empurrão para fora do helicóptero, concordei e peguei no fio que tinha de puxar mas antes de efetuar o salto bati com a cabeça e apaguei. 

Vinda do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora