Não nos deixe só !

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Não deixa, Alê, por favor, não deixa nossa filha ir ... – pedi quase engasgada com minha própria voz.

 

Eu não conseguiria por em palavras o qual desesperador foi olhar para mim naquele banheiro e vê que eu possivelmente estava deixando escorrer entre meus dedos o meu maior sonho.

O sonho de ser mãe.

Da maternidade.

O meu coração se apertou e eu não conseguia fazer mais nada que não fosse suplicar a Alexandre e aos céus que não deixassem o meu bebê ir embora, que não o tirassem de mim, assim sem quê e nem porquê. Eu paralisei enquanto via aquele líquido vermelho se espalhar todo o chão aos meus pés, ouvia a voz de Alexandre bem longe quase como um eco em minha cabeça.

Pedi aos céus e a tudo que era demais sagrado, que não levasse a minha criança, o pedaço de mim e do Alexandre, o fruto de um amor verdadeiro. Pedi que não levasse a irmãzinha ou o irmãozinho do Bento, a quem ele vai brincar, se confidenciar, ir pra escolinha, cuidar do irmão (ª) mais novo.

Não era justo com nenhum de nós.

Sou despertada dos meus pensamentos, das minhas súplicas, dos meu apelos, do meu tormento. Alexandre já havia vestido a mesma roupa que tinha colocado no cesto e já terminava de me tirar do box e vestir um vestido qualquer que ele achou em nosso guarda roupa. 

— Vamos amor, precisamos ir para o hospital! – ele falava rápido, medroso, com a voz entrecortada.

— Eu sei a dor que é perder uma mãe, Alexandre, mas não sei a dor que é perder um filho, e eu não quero descobrir! – falava em prantos, com a voz embargada e o coração em frangalhos.

— Nosso bebê vai ficar bem, ninguém vai perder ninguém. Entendeu, amor? – Alexandre me pegou no colo, logo nossas roupas estavam manchadas de sangue.

— Eu tô com tanto medo, Alê! – deitei minha cabeça em seu pescoço, chorava de soluçar e me deixei ser levada até o carro.

— Não fica assim, vai dá certo! Vou pegar o Bento rapidinho, aguenta aí ! – ouvi ele me pedi, e acenei que sim.

Sei que estávamos perdendo tempo demais, mas não tinha como ser diferente, estávamos com uma criança em casa e não podíamos deixar ela sozinha. Me encolhi no banco do passageiro e fiquei alisando minha pequena barriguinha e rezando para que desse tempo.

Alexandre apareceu todo atrapalhado, mal colocou Bento na cadeirinha, sabíamos que estava errado mas a situação não estava das melhores e lidar com os detalhes estava sendo o de menos no momento.

Alexandre dirigiu como se tivesse em velozes e furiosos, quase não estava respeitando os sinais de trânsito e eu não tinha forças para pedir o contrário, não no momento, eu só precisava salvar o meu bebê.

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